06 janeiro 2017

Resenha - O Safado do 105, Mila Wander


Livro: O Safado do 105
Autor(a): Mila Wander
Editora: Essência
Páginas: 510
Adquira: Saraiva | Submarino | Travessa | Americanas | Livraria Cultura
Livro cedido através da parceria com a editora
Podia ter sido com você. Mas foi comigo. E, dali em diante, descobri que morar sozinha podia significar tudo, menos tranquilidade. A minha mudança necessária não podia ser normal, afinal, eu não sou normal. Tenho uma família doida que me fez desenvolver distúrbios psicológicos irreparáveis. Juro que só queria paz. Queria tédio. Queria um domingo de pura morgação diante do Faustão, comendo pizza requentada e esperando pela segunda-feira como quem espera pela morte. Mas não. Nada seria igual e, ao mesmo tempo, seria tão louco quanto. Não podia esperar pelo diferente, não depois de ter conhecido o Sr. Calvin Klein, mais conhecido como o safado do 105.

Raissa só queria paz. Aos vinte e oito anos, ela não aguentava mais a loucura que era viver na casa dos pais com, seus irmãos mais novos, a sobrinha e a avó. Ela os amava, mas a falta de liberdade a estava sufocando. Sem contar nada a ninguém, ela começou a juntar dinheiro a fim de comprar seu próprio cantinho. Quando ela encontrou, mal cabia em si de felicidade. Uma casa germinada, aconchegante, com um belo gramado na frente... Finalmente poderia ter a vida que sonhou. Só que não.

Seu vizinho, a quem apelidou de Sr. Calvin Klein (da marca de cueca mesmo) é um tremendo safado. Além de atormentar seu juízo desfilando pelo jardim apenas de cueca, o cara é insaciável na cama. Isso não seria defeito, mas o fato de dividirem a parede do quarto e do cara nunca dormir sozinho estavam tornando suas noites de sono impossíveis. Sua carência então, estava saindo do controle. Tirando isso esses pequenos detalhes, ele era um ótimo vizinho.

Um...safado. Um safado fofo, protetor, sensível, que sabe cozinhar, entende de jardinagem, monta móveis e fode gostoso. Mas, ainda assim, um safado.

Raissa sabe que se meter com ele é furada, afinal, ela não é daquelas que fica com um cara por ficar. E Calvin, obviamente, não é homem de uma mulher só. Só que manter apenas uma relação amigável de vizinho parece uma tarefa impossível. Não bastava o homem ser uma tentação, precisava ser super bacana também?!

Faz anos tive meu primeiro contato com a escrita da autora. Na época eu fiquei apaixonada e já coloquei a autora naquela seleta lista para ler tudo que escrevesse. Mais ai veio uma grande decepção com Diário de uma cúmplice e eu já comecei essa história com um pé atrás. O que posso dizer é que, se ele tivesse metade das páginas, seria outra história incrível.

A história é narrada em primeira pessoa e apesar das muitas cenas explicitas, tem uma história bem bacana por trás. Há momentos engraçados, outros mais sérios e também uns totalmente desnecessários. A repetição de situações já se tornou uma característica que percebi em livros que foram publicados primeiro no Wattpad. Para a plataforma, essa é uma forma de prender o leitor, mas que deveria ser cortada do formato físico.

Estabilidade? Coragem? Maturidade? Afinal, o que eu queria? Ou melhor, do que eu precisava? [...] Talvez a palavra certa fosse autoconheciento. Queria muito me conhecer por inteira. Não saber quem eu realmente era me angustiava. E de fato colocava em risco toda a liberdade com a qual sonhei a vida toda.

No começo da história eu estava achando tudo na medida certa, até que a protagonista teve mil oportunidades de acabar com a boa impressão que eu tinha dela. E usufrui de todas, tornando-se uma mala sem alça. A mulher decidida, determinada e madura que vi nas primeiras páginas se transformou em uma adolescente mimada que chora por tudo. Se apaixonar é incrível, nos deixa meio bobos, mas isso não é desculpa para agir de forma inconsequente. Não quando se tem contas a serem pagas.

Calvin, que demora um bocado a revelar seu nome verdadeiro, foi o contrário. Um personagem equilibrado do início até quase o fim. Conforme vamos conhecendo sua história, a forma que o moldou dessa forma implacável, fica fácil entendê-lo. Da até pra se compadecer com ele. Sério, cortou meu coração de verdade. Porém o final foi o que eu imaginei, uma mudança repentina e desnecessária de sua personalidade. O que mais me incomodou foi a própria protagonista dizer que era impossível alguém mudar tanto em tão pouco tempo. Então porque diabos a autora fez isso? Dava para ter sido sutil e ainda sim alcançado o final que ela queria.

- Só faço o que quero e o que gosto, Raissa. Sou livre. Eu não tenho mais nada... Perdi tudo! Só sobrou a minha liberdade e eu vou usá-la do jeito que quero.

O amor pela autora Clarisse Lispectro é uma das muitas coisas que Calvin herdou de sua mãe. Por conta disso, a história é recheada de frases da autora. Alguns muito conhecidas outras nem tanto. No final do livro tem até uma página com referências bibliográficas que é recheada com suas obras. Se você, assim como eu, ficar interessada em conhecer mais da autora, já sabe até por onde começar.

O safado do 105 é um livro repleta de reviravoltas, mas se ele irá de surpreender em alguns quesitos, em outros ele pode deixar a desejar. Se você gosta de histórias hots e está com tempo para ler quinhentas páginas, ele vale sua leitura.

Os seres humanos tem o péssimo hábito de serem cruéis quando algo lhe dói, só para terem o prazer de fazer o outro sofrer também.

3 comentários

  1. Eu adoro o gênero hot. Muito, muito, mesmo!
    Mas quando vi o número de páginas fiquei meio pé atrás. Não será enrolação demais??
    Pôxa, 500 páginas é páginas pra caramba pra uma história que parece ser simples.
    Mesmo gostando de detalhes, sei lá...
    Não digo que não lerei.
    Mas...
    Beijo

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  2. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh 50 tons mais escuros uhuhuhuhuhuh adoro esse livro.

    Jesse - www.jesselira.com.br

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  3. Olá.
    Ótima resenha.
    Deixo passar a dica, pois não gosto desse gênero. Mas para quem curte, com certeza uma boa leitura.
    Abraços.

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