Resenha - Vozes do Joelma

Livro: Vozes do Joelma
Autor(a): Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos, Victor Bonini e Tiago Toy
Editora: Faro
Páginas: 288
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora

Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini são autores reconhecidos pela crueldade de seus personagens e grandes reviravoltas nas narrativas. As mentes doentias por trás dos livros A Casa dos Pesadelos, O Escravo de Capela, Dança da Escuridão, Horror na Colina de Darrington, Quando ela desaparecer, O Casamento, Colega de Quarto, e da série As Crônicas dos Mortos, se uniram para criar versões perturbadoras sobre as tragédias que ocorreram em um terreno amaldiçoado, e convidaram o igualmente perverso Tiago Toy para se juntar na tarefa de despir os homicídios, acidentes e assombrações que permeiam um dos principais desastres brasileiros: o incêndio do edifício Joelma. O trágico acontecimento deixou quase 200 mortos e mais de 300 feridos, além de ganhar as manchetes da época e selar o local com uma aura de maldição. Esse fato até hoje ecoa em boatos fantasmagóricos que envolvem a presença de espíritos inquietos nos corredores do prédio e lendas sobre lamúrias vindas dos túmulos onde corpos carbonizados foram enterrados sem identificação. Algo que nem todos sabem, é que muito antes do Joelma arder em chamas no centro de São Paulo, o terreno já havia sido palco de um crime hediondo, no qual um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no próprio jardim. Devido às recorrentes tragédias que marcaram o local, há quem diga que ele é assombrado por ter servido como pelourinho, onde escravos eram torturados e executados. E sua maldição já fora identificada pelos índios, que deram-lhe o nome de Anhangabaú: águas do mal. Se as histórias são verdadeiras não se sabe... A única certeza é que a região onde ocorreu o incêndio tornou-se uma mina inesgotável de mistérios. E, neste livro, alguns deles estão expostos à loucura de autores que buscaram uma explicação.

Não me entendam mal, sei que chega a ser mórbido pensar assim, mas o incêndio do Edifício Joelma sempre me atraiu. Não pela tragédia em si, mas pela quantidade de histórias que, mesmo ao convergirem para um mesmo fim, ainda são tão diferentes.⠀

Quem são as mais de setecentas pessoas que estavam lá dentro na hora que o incêndio começou? O que se passou pela cabeça delas? Das que se salvaram, das que foram parar no telhado, de quem constatou que não aguentaria mais o calor. Sob a ótica de quatro autores, Vozes do Joelma nós da um vislumbre sobre qual poderiam ser algumas dessas histórias.


Antes mesmo dessa tragédia, aquela região já era considerada de mal agouro. A história dos índios e do Rio Anhanguera, bem como a do pelourinho é explorada pelo apresentador - que confesso, só gostei na abertura do livro. No primeiro conto invadimos a mente de um assassino. O crime do poço aconteceu na década de 40, nas redondezas do Joelma. E talvez por precisar se atentar a fatos, Marcos DeBrito tenha sido o mais linear.
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Os contos seguintes estão mais ligados ao incêndio. Rodrigo de Oliveira assumiu o ar sobrenatural para contar uma nova versão para a origem do incêndio. Marcus Barcelos trás as treze almas jamais identificadas que foram incineradas na caixa do elevador. Foram minhas histórias preferidas e as que mais se aproximaram da minha expectativa do livro. Cada uma a seu modo, passaram uma mensagem impactante sobre humanidade e a morte. Foi meu primeiro contato com esses autores e já quero ler outras histórias.
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Claro que o mais esperado por mim era o Victor Bonini. Foi o mais sombrio, o que me fez conferir se a porta estava trancada antes de dormir, mas foi o que teve menos conexão com a tragédia e isso me desanimou um pouco.
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Vozes do Joelma é uma ótima coletânea. Perfeito para conhecer a escrita dos autores envolvidos. Eu é que fui com a expectativa errada. Ainda foi uma ótima leitura, mas terminei achando que faltou algo.
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