05 julho 2019

Resenha - A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, Mary Ann Shaffer e Annie Barrows


Livro: A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata
Autor(a): Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
Editora: Rocco
Páginas: 304
Adquira: Amazon

O título conta a história de Juliet Ashton, uma escritora em busca de um tema para seu próximo livro. Ela acaba encontrando-o na carta de um desconhecido de Guernsey, Dawsey Adams, que entra em contato com a jornalista para fazer uma consulta bibliográfica. Começa aí uma intensa troca de cartas a partir da qual é possível identificar o gosto literário de cada um e o impacto  transformador que a guerra teve na vida de todos. As correspondências despertam o interesse de Juliet sobre a distante localidade e narram o envolvimento dos moradores no clube de leituras – a Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata –, além de servirem de ponto de partida para o próximo livro da escritora britânica. O clube, criado antes de existir de fato, foi formado de improviso, como um álibi para proteger seus membros dos alemães. O que nenhum dos integrantes da Sociedade imaginava era que os encontros pudessem aproximar os vizinhos, trazer consolo e esperança e, principalmente, auxiliar a manter, na medida do possível, a mente sã. As reflexões e as discussões a respeito das obras os livraram dos pensamentos sobre as dificuldades que enfrentavam e ainda serviram para aproximar pessoas de classes e interesses tão díspares, de pescador a frenólogo, de dona de casa a enfermeira. Instigada pela força dos depoimentos, a jornalista decide visitar Guernsey, onde a convivência com as pessoas que conheceu por cartas e a descoberta sobre as experiências dos ilhéus lhe dão uma nova perspectiva. A viagem proporciona à escritora mais do que material para seu livro. Guernsey oferece a chance de recomeçar após a Guerra, fazer amizades sinceras e encontrar o amor – em suas diversas formas. O que ela encontra por lá, e as relações que trava, mudam sua vida para sempre. A autora Mary Ann Shaffer não sobreviveu para assistir ao sucesso da sua estreia literária – ela morreu em fevereiro de 2008, aos 73 anos. A sociedade literária e a torta de casca de batata recupera um mundo que se perdeu entre os escombros da guerra, feito de camaradagem e solidariedade, delicadeza e simpatia. Nele, a guerra – e a morte – é vencida por um batalhão de personagens igualmente sensíveis e sedutores, que conduzem os leitores pelas mãos, através de um narrativa, humana e marcadamente feminina, até o fim.



Em janeiro de 1946, Juliet Ashton é uma escritora de 33 anos em busca de um tema inspirador para seu próximo livro. Ela quer escrever sobre algo em que possa mergulhar de cabeça e coração, mas um bloqueio criativo a vem impedido de prosseguir com sua obra.

O tema surge juntamente com uma carta de um desconhecido das Ilhas de Guernsey - local ocupado pelas tropas alemãs no período da Segunda Guerra. Após encontrar o endereço da jornalista em um antigo livro, Dawsey Adams entra em contato para fins de consulta bibliográfica. E para expressar seu amor pela literatura, escreve sobre o clube de leitura - A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, criado por improviso para proteger seus integrantes durante os cinco anos em que Guernsey e seus moradores sofreram as consequências da guerra.

A constante troca de cartas desperta em Juliet o interesse em conhecer mais sobre a ilha e seus moradores, cada qual com sua experiência e história para contar. E à medida que cada integrante da sociedade literária envia a escritora seu depoimento para contribuir com o livro, torna-se evidente o quanto o clube, criado antes de existir de fato, foi determinante para mantê-los sãos e esperançosos, mesmo quando as perdas e o sofrimento físico e emocional estavam acima do que podiam suportar.

E foi levantando discussões e reflexões acerca das histórias que liam que a sociedade se firmou, unindo e aproximando pessoas com interesses e classes tão diferentes e ajudando-os a esquecer, mesmo que por um curto período de tempo, as lembranças e dificuldades que precisavam enfrentar diariamente.

Líamos livros, falávamos sobre livros, debatíamos sobre livros e nos tornamos cada vez mais amigos.

Fascinada e tocada pela história dos novos amigos, Juliet decide deixar Londres e viajar até Guernsey para conhecer mais da Ilha e seus habitantes, sem imaginar a conexão profunda que teria tanto com o lugar quanto com as pessoas que conhecia somente através de cartas. E mais do que um tema, sem perceber ela encontrou o caminho que escreveria os próximos capítulos de sua vida.

Sensível, tocante e emocionante, A sociedade literária e a torta de casca de batata pode até parecer um livro leve com o nome longo demais. Mas não se deixe enganar. A trama, narrada quase 100% através de cartas, revela uma história dolorosa sobre a guerra e o pós-guerra e o impacto transformador na vida daqueles que sobrevivem a ela.

Através das experiências relatadas nesse período tão cruel, a impressão que tive foi a de estar lendo cartas reais, me tornando intima daquelas pessoas e absorvendo seus traumas e dores mais profundos. Me emocionei, sofri e tive o coração partido em tantos momentos, mas restaurei minha fé, de que mesmo nos momentos mais sombrios, ainda existe luz, basta se permitir enxergar.

O final me arrebatou. Juliet buscava uma história que valesse a pena contar e encontrou muito mais do que imaginou. Em sua jornada de ouvir e de se colocar a disposição do outro, conquistou amizades verdadeiras, um novo recomeço e o amor, em sua mais bela forma.



Um comentário

  1. Oi Glau
    Eu não li o livro, mas vi a adaptação feita pela Netflix e achei incrível. Acabei de adquirir o e-book do livro e quero muito ler ele o mais rápido possível. Essa história parece ser ainda mais maravilhosa em formato de livro.

    Vidas em Preto e Branco

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