Resenha - Outsider, Stephen King

Livro: Outsider
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de letras
Páginas: 528
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora

O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade — Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas. O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido. Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara? A aterrorizante resposta é o que faz desta uma das histórias mais perturbadoras de Stephen King.

Algumas pessoas costumam definir Stephen King como um autor de terror, principalmente por culpa das adaptações para o cinema, mas nem sempre é assim, o autor brinca com os mais variados temas, estando eles misturados com o sobrenatural ou não.

Esse é mais um dos livros do mestre King que mistura vários elementos de variados gêneros e embora a gente perceba logo olhando para a capa que se trata de um livro que brinca com o sobrenatural, fica difícil definir se é um livro de terror ou não.

A história se passa no interior do Texas, longe do Maine, onde as principais histórias do escritor se passa, e o livro gira em torno de um assassinato de uma criança, Frank Peterson, um entregador de jornais de uma cidade pequena. Um crime em cidade pequena geralmente choca os habitantes e esse não foi diferente, os habitantes ficam comovidos com o crime e algumas testemunhas são convidadas a depor e surpreendentemente, todas as testemunhas identificam o conhecido professor e técnico de baseball das crianças da cidade, Terry Maitland, como autor do crime. Além das testemunhas, provas contundentes como impressões digitais, fluidos corporais e DNA encontrados na cena do crime eram suficientes para condenar o treinador.

Vários itens foram testados para a verificação do tipo sanguíneo.
O primeiro foi o galho usado para sodomizar a vítima, Frank Peterson, uma criança branca do sexo masculino, onze anos de idade. O galho tinha aproximadamente 56 centímetros de comprimento e oito de diâmetro. – pag: 75

O problema é que Terry tinha um álibi fortíssimo. Então, o detetive Ralph Anderson começa uma investigação cheia de mistérios e incertezas... Como o treinador Maitland podia estar em dois lugares ao mesmo tempo?

A primeira metade do livro é focada na investigação e as contradições que essa investigação vai encontrando pelo caminho, além do drama vivido pela família da vítima e a família do treinador. Essa etapa pode ser encarada por alguns leitores como maçante, mas não foi pra mim. Achei interessantíssimo como o autor consegue expor um crime com tantas evidências e um álibi tão perfeito e deixar o leitor tentando adivinhar como o crime pode ter acontecido. Ora concordamos com a polícia, ora concordamos com o acusado.

Já na segunda metade do livro, contamos com um personagem bem conhecido da trilogia Bill Hodges e aqui eu deixo um aviso importante pra quem não leu Mr. Mercedes e os outros livros da trilogia, mas tem interesse de ler... Em vários momentos, o autor conta os acontecimentos desses livros, não é um spoiler gratuito, tem todo um contexto, mas pode estragar a experiência de leitura desses livros. Então, quem pretende ler esses livros, não leia Outsider primeiro.

O livro é muito bem escrito, intercalando linguagem técnica policial nas investigações com a narrativa da história. Tanto os registros policiais quanto as declarações das testemunhas estão destacadas com uma tipografia semelhante a texto datilografado o que deixou a arte excelente e deu um ar de veracidade a obra. As páginas amareladas também deixaram a leitura bem suave e como o livro tem 523 páginas, foi um alívio aos olhos.
A editora Suma do grupo Companhia das Letras está fazendo um excelente trabalho trazendo as obras do Stephen King em tempo recorde para o Brasil, o livro mal foi lançado nos EUA e já foi traduzido para o português e publicado aqui.
O trabalho que eles fizeram com a capa também foi impressionante. Tive a oportunidade de começar a ler o livro em inglês e confesso que gostei muito mais da capa que foi publicada aqui. A silhueta misteriosa do homem ao contrário dá todo o clima de mistério que o livro merece e os destaques em dourado no nome do autor dá toda a importância que essa obra tem.

Gostei muito do livro, acho que é um livro que tem muita probabilidade de entrar para o hall dos melhores do autor.