04 outubro 2017

Resenha - Até que a culpa nos separe, Liane Moriarty


Livro: Até que a culpa nos separe
Autor(a): Liane Moriarty
Editora: Intrínseca
Páginas: 464
Adquira: Saraiva | Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Amigas de infância, Erika e Clementine não poderiam ser mais diferentes. Erika é obsessivo-compulsiva. Ela e o marido são contadores e não têm filhos. Já a completamente desorganizada Clementine é violoncelista, casada e mãe de duas adoráveis meninas. Certo dia, as duas famílias são inesperadamente convidadas para um churrasco de domingo na casa dos vizinhos de Erika, que são ricos e extravagantes. Durante o que deveria ser uma tarde comum, com bebidas, comidas e uma animada conversa, um acontecimento assustador vai afetar profundamente a vida de todos, forçando-os a examinar de perto suas escolhas - não daquele dia, mas da vida inteira. Em Até Que a Culpa Nos Separe, Liane Moriarty mostra como a culpa é capaz de expor as fragilidades que existem mesmo nos relacionamentos estáveis, como as palavras podem ser mais poderosas que as ações e como dificilmente percebemos, antes que seja tarde demais, que nossa vida comum era, na realidade, extraordinária.


Duas amigas de infância com um relacionamento, no mínimo, peculiar. Clementine é uma pessoa com espírito livre. Seu marido assumiu a criação das filhas do casal, enquanto ela treina com seu violoncelo para conseguir a vaga na orquestra que sempre sonhou. Para quem vê de fora, o relacionamento deles é digno de um conto de fadas. Erika é totalmente o oposto. Controladora ao nível de compulsão, ela decidiu que não teria filhos, não importa o que seu marido pense.

Naquele dia, Erika se preparava para receber sua amiga com a família para um almoço. Porém, em um ato impulsivo, acaba aceitando o convite de seu vizinho Vid, para um churrasco na casa dele. Era para ser uma tarde agradável entre amigos, para beber, conversar e se divertir, mas um grito interrompe a festa. E o que os acontecimentos que se sucedem, farão com que todos repensem as escolhas que fizeram em suas vidas.

Nosso primeiro contato com a autora aconteceu dois atrás, quando fizemos uma leitura coletiva de Pequenas Grandes Mentiras. Fomos totalmente imersos na forma como ela contou sua história, uma estrutura que foi repetida neste livros. Quando encontramos os personagens no presente, eles estão sempre se questionando sobre o ocorrido, mas sem dizer muita coisa, apenas inserindo informações para atiçar nossa curiosidade. O fatídico dia aparece em forma de flashbacks, sempre mudando de perspectiva de acordo com os personagens. Esse é o tipo de história em que a narrativa em terceira pessoa é fundamental, pois conseguimos ter uma visão ampla dos acontecimentos, mas sem ser influenciados pelos sentimentos de cada um.

Apesar de Erika e Clementine serem apontadas como as protagonistas, não acho que seria justo com os demais personagens. Todos eles, inclusive Vid, sua esposa e filha, são essenciais para a construção dessa história. O foco da autora não são os personagens em si, mas a relação entre eles. A autora faz um jogo de esconde-esconde com o leitor, que dessa vez não nos prendeu tanto, interrompendo a narrativa do churrasco em momentos chaves. Porém, ela não demora em demasia para revelar o que de tão assustador aconteceu. O que Liane Moriarty quer não é apenas narrar uma história de suspense, é nos fazer refletir sobre as consequências que cada escolha que fazemos tem em nossas vidas.

É impossível não comparar os livros citados da autora, que possuem uma estrutura bem diferente de seu primeiro livro publicado. Ambos são recheados de famílias com seus cotidianos que, comumente, são maquiados para não deixar nenhuma falha aparente. Eu me canso um pouco com essa quantidade de informação, que se faz importante no contexto geral, mas que desacelera o ritmo da leitura. A leitura só engrenou mesmo quando começamos a analisar os perfis de cada personagem. A construção deles é o ponto forte da obra, sento todos ricamente apresentados e com uma realidade que nos faz refletir ainda mais. Tentamos eleger o personagem mais instigante, mas foi impossível. Eles possuem suas particularidades e são muito diferentes uns dois outros. Ou não. Já a relação mais perturbadora é a amizade dela com a Clementine. Como uma relação de tantos anos pode chegar a tal ponto?

Adoro essa capa, que consegue representar a fragilidade das relações existentes da história e ainda combina com as demais publicações da autora. A diagramação é confortável e não apresenta nenhum elemento notável. Há a indicação se o capítulo se passa no tempo presente ou no churrasco, mas esse também é um elemento essencial para o bom entendimento da história.

Apensar de não ser o melhor livro da autora, a leitura cumpre o seu papel de nos fazer refletir. Indicamos muito que essa leitura seja feita em conjunto, assim você terá com quem discutir as nuances existentes.

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Valendo um exemplar de Tartaruga até lá embaixo.


9 comentários

  1. Puxa, ainda não conheço o trabalho da autora, mas claro que já li as resenhas de alguns livros dela.
    Confesso que não conhecia este, mas desde o título,capa,sinopse e resenha são maravilhosos!
    Adoro um bom suspense e esse jogo que alguns autores tem de colocar perguntas na cabecinha do leitor.
    Estes questionamentos de uma vida inteira me agradam e muito!
    Vai para a lista de desejados, com certeza!
    Beijo

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  2. Ainda não tive a oportunidade de ler alguma das obras da Liane, mas pelo que pude perceber das várias resenhas de suas obras, e também da série televisiva baseada, os personagens são muito bem construídos, tipo, não são superficiais, tem segredos e sentimentos pelos quais tomam decisões. Acho isso muito importante para qualquer história. Sinceramente acho que vou dar uma chance para Big little lies e quem sabe, esse seja o próximo. kkk

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  3. Olá, depois de tantos elogios a Pequenas Grandes Mentiras, fiquei muito curioso para ler uma obra da autora, e essa, ainda que seja um pouco lenta, aparenta ser bem construída e contar com um final surpreendente. Beijos.

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  4. Gosto muito dos livros da Liane porque ela consegue nos manter focados na trama o tempo todo para sabermos o que realmente aconteceu, apesar de as vezes ser meio irritante quando interrompe a narrativa para manter o suspense. Mas seus personagens são tão bem elaborados e distribuídos que não conseguimos nem ficar irritadas.

    Beijinhos
    She is a Bookaholic

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  5. Dreeh!
    Gosto muito quando a autora disseca a personalidade dos personagens, porque conseguimos entendê-los e compreender melhor toda a trama.
    Esepro que a mudança da estrutura dos outros livros da autora, tenham sido para melhor. Gosto quando há estrutura familiar.
    Fiquei com a maior vontade de ler.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “Saber quando se deve esperar é o grande segredo do sucesso.” (Xavier Maistre)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  6. Olá Dreeh! Que livro cheio de mistérios! Se sua intenção era nos deixar curiosos sobre o livro você conseguiu, pois adoro um suspense. Eu particularmente gosto de livros bem detalhados, acho que informações muito vagas não nos deixam criar uma ligação com as personagens. Nunca li nada da autora e Até que a culpa nos separe parece ser uma boa primeira leitura. Beijos

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  7. Gosto bastante de livros de mistérios e desde que assisti Big Little Lies, morro de vontade de ler os livros da Liane, já li várias resenhas sobre Até que a culpa nos separe e não sei como ainda não morri de tanta curiosidade para saber o que aconteceu nesse churrasco, espero que eu consiga ler logo o livro e finalmente descobrir.
    Beijos!

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  8. Olá!
    Eu já vi esse livros várias vezes, porém não tinha me chamado muito atenção. Ao ler a resenha me deixou bastante curiosa com a história. A trama é bem envolvente, faz o leitor explorar suas páginas e páginas afim de descobrir os acontecimentos. Eu fiquei curiosa e estou já colocando na lista de leitura.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  9. Tenho outros livros da autora, apesar de ainda não ter lido nenhuma das suas obras, porém o que mais gosto em suas tramas, e exatamente esta forma fragilizada que ela vem nos mostra a respeito das famílias, em suas relações cotidianas. Sei que este não e seu melhor livro, mas fiquei feliz, e entusiasmada em saber que cumpri o que promete, que e fazer com que o leitor reflita.

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