24 julho 2015

Resenha - Beleza Perdida, Amy Harmon

Ambrose Young é lindo — alto e musculoso, com cabelos que chegam aos ombros e olhos penetrantes. O tipo de beleza que poderia figurar na capa de um romance, e Fern Taylor saberia, pois devora esse tipo de livro desde os treze anos. Mas, por ele ser tão bonito, Fern nunca imaginou que poderia ter Ambrose… até tudo na vida dele mudar. Beleza perdida é a história de uma cidadezinha onde cinco jovens vão para a guerra e apenas um retorna. É uma história sobre perdas — perda coletiva, perda individual, perda da beleza, perda de vidas, perda de identidade, mas também ganhos incalculáveis. É um conto sobre o amor inabalável de uma garota por um guerreiro ferido. Este é um livro profundo e emocionante sobre a amizade que supera a tristeza, sobre o heroísmo que desafia as definições comuns, além de uma releitura moderna de A Bela e a Fera, que nos faz descobrir que há tanto beleza quanto ferocidade em todos nós.

SÉRIE: Volume Único
AUTOR: Amy Harmon
EDITORA: Verus
EDIÇÃO: 2015
CONCEITO: 4 estrelas
PÁGINAS: 336
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Ambrose Young sempre foi destaque na pequena cidade de Hanna Lake. Ele não atraia apenas por sua beleza, mas pela habilidade em Luta Livre e, por que não, pela pessoa digna que era. Seu pai biológico era um modelo de cuecas, mas ele não pensou duas vezes quando sua mãe decidiu sair da cidade para ir atrás do modelo novamente. Ele ficou com Elliot Young, o cara que lhe deu um nome e a quem chamava de pai. Quando o World Trade Center desabou, ele assistia ao noticiário, ao mesmo tempo que ligava incansavelmente para a sua mãe. Ela não só estava em New York, como trabalhava no segundo andar da primeira torre a desabar.

Mas ele não era pequeno. Era bem mais alto que Beans — seu bíceps era quase do tamanho da cabeça do amigo — e parecia um daqueles caras de capa de romance. Até seu nome parecia pertencer a algum personagem de literatura picante.

Seu bom desempenho em sala de aula, somado a invencibilidade no tatame lhe garantiram uma bolsa na Universidade da Pensilvânia, mas ele estava com medo. Não queria decepcionar ninguém, mas também queria respirar por um momento. Sem o peso que colocavam em suas costas simplesmente por ser quem ele era. Quando, poucos meses depois do atentado, um recrutador do exercito apareceu no colégio, ele viu uma grande oportunidade não só de se livrar dessa responsabilidade mesmo que assumindo uma bem mais complexa, como de passar mais algum tempo junto de seus melhores amigos. Afinal de contas, o colégio tinha terminado e eles precisariam seguir suas vidas.

Narrada em terceira pessoa, Beleza Perdida também nos contará a história de dois primos. Fenr Taylor se apaixonou por Ambrose aos dez anos, quando ele foi sutil o suficiente para ajudá-la a enterrar uma arranha. Ela e Bailey Sheen tem a mesma idade, mas o garoto precisa muito mais dela do que gostaria. Diagnosticado com fibrose muscular ainda criança, ele precisava cada vez mais de ajuda para fazer coisas básicas como comer ou ir ao banheiro. Ninguém esperava que ele chegasse aos 21 anos, mas ele leva a vida com bom humor e ainda espera entrar para o livro dos recordes.

A vida desses três se entrelaça de diversas formas ao longo dos anos. Seja por serem da mesma classe, pelo amor de Fenr ou pelo pai de Bailey, o treinador Sheen. Mas quando Ambrose volta sozinho do Iraque, a relação deles muda completamente. 

O rosto do sr. Hildy estava branco como o quadro sobre o qual ele escrevia para ganhar a vida. Ele olhou para os alunos amontoados em sua sala de aula e desejou que nunca tivesse ligado a TV. Não precisavam ver aquilo. Jovens, inexperientes, inocentes. Sua boca se abriu para tranquilizá-los, mas sua intolerância a baboseiras lhe roubou a fala. Não havia nada que ele pudesse dizer que não fosse uma mentira deslavada ou que não fosse assustá-los ainda mais.

Compassado e sutil, é assim que a Amy apresenta sua história. Se esse livro chegasse aos cinemas e eu realmente torço para isso, ao final encontraríamos todos com os olhos inchados de tanto chorar, tal como aconteceu com A Culpa é das Estrelas. Não que ela seja tão dramática assim, mas é uma história de vida tão real, que pode ter acontecido com qualquer jovem, especialmente com um americano.

Fenr sofre com a síndrome do patinho feio. Ela usou aparelho, teve óculos fundo de garrafa e assistiu seu grande amor se apaixonar por sua amiga Rita, mas ela não o culpava. A culpa era da natureza que insistia em não lhe dar curvas. Se não fosse seus cachos cor de fogo, ela passaria despercebida pelo ensino médio. Aos treze anos descobriu os romances de banca e seus pai que era pastor morreria se soubesse quantas histórias ela devorou. Aos dezessete já tinha sua cota de romances escritos e começou a sonhar com uma publicação. Ela parece uma garota comum, e é. Mas seu coração é tão cheio de amor que ela se torna única. Ela usa esse sentimento para fazer a diferença no mundo, para fazer mais por aqueles que são importantes para ela.

Era possível pertencer a alguém que não nos queria? Fern decidiu que sim, pois seu coração era dele, e, se Ambrose o queria ou não, não parecia fazer muita diferença.

Quando comecei a leitura, imaginava que iria secar de tanto chorar, mas a autora me tocou de uma forma totalmente diferente. De alguma maneira consegui me conectar a cada personagem! Eu vi o onze de setembro. Eu assisti o horror no rosto daquelas pessoas e mesmo a tantos quilômetros de distancia, tive medo pelas consequências do atentado. Tive meu momento de patinho feio e sinceramente ainda não acho que o deixei 100% de lado, sou solidária a Rita e admiro demais o Bailey...

A história fala obviamente de perdas, mas também mostra como perdas e ganhos caminham lado a lado. Até que um suposto final feliz seja alcançado, se faz necessária a superação individual, familiar e até de toda uma cidade. Estou tendo grandes dificuldades de expor a grandiosidade dos sentimentos abordados nesse livro, até porque cada um irá recebê-los de uma forma! Então leiam e sintam esse turbilhão vocês mesmos.

É uma história linda, mas nada me desconcertou mais do que o epílogo. Uma história que prega tanto o amo, não poderia terminar de forma mais singela. Uma frase, um gesto, que reafirmou tudo o que foi tido nas mais de 300 páginas deste livro.

— Mas o 11 de Setembro foi há dois meses, Fern. E ele ainda não superou. [...]
— Nenhum de nós superou, Bailey. E acho que nunca vamos superar.

9 comentários

  1. Cara, caraaaaa, CARAAAAAA! Preciso desse livro! Acho que vou usar meu vale mesmo sem promoção porque quero muito conhecer essa história. Tu sabe que eu fiquei in love desde aquele clube do livro. E agora tu me dizendo essas coisas... tô até querendo um livro pra chorar, porque sou difícil disso. Para de me botar pilha errada que a fila de leitura tá grande.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  2. Oi Dreeh, tudo bem?

    Eu ainda estou tentado superar Beleza Perdida, eu li esse livro e fique extasiada com tamanha grandiosidade. Eu tentei ao máximo explicar o que eu senti na resenha que fiz lá pro blog, mas não consegui 100℅. Eu só digo para as pessoas lerem, que vão entender tamanha preciosidade que essa obra é. Parabéns pela resenha, fico feliz que tenha gostado.

    Beijos
    Leitora sempre

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  3. Acho que eu tinha uma visão bem diferente desse livro e gostei de conhecer esse outro ângulo da estória.
    O livro me pareceu mais maduro na sua resenha do que em outras que li.
    Pensando nisso agora chego a conclusão de que eu leria sim.

    Beijo
    ooutroladodaraposa.blogspot.com.br

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  4. Ooooi!

    Lembro quando apresentaram esse livro no Mochilão e eu fiquei looouca para tê-lo. Mas eu não consegui comprar ainda.
    Acho que todo muito se sente tocado com esse livro né? A autora soube trabalhar temas mais sensiveis sem ser muito apelativa, acho que deve ser um enredo lindo, que nos transforma, principalmente pelo fato do 11 de setembro estar tão presente em nossa vida;
    Adorei, adorei,adorei a sua resenha!

    Esse ultimo quote é genial!

    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

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  5. Oi Dreeh, sua linda, tudo bem
    Ai, eu quero tanto ler esse livro!!!! A dor dele, gente, só de ler suas palavras, eu já fui atingida. Todo mundo está falando desse livro. E você ainda chorou tanto a ponto de secar, nossa, deve ser devastador!!!!Adorei sua resenha!!!!!! E realmente, ninguém esquece uma tragédia como essa, apenas acho que o sofrimento deles não foi maior do que o sofrimento de tantos povos que vivenciaram tragédias até maiores.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  6. Ola lindona que resenha emocionante creio que o livro te pegou de jeito, estou com o livro, li tantos elogios ao livro que comprei em promoção e pelo visto a autora tocou a emoção com os termas abordados. A capa está linda e não vejo a hora de ler. beijos
    Já irei preparar as caixas de lenços.

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  7. Olá Andressa, esse livro parece ser muito bom e bem tocante, todos os comentários que eu leio sobre ele são tão positivos como o seu e isso só me deixa morrendo de vontade de lê-lo *--*

    Visite "Meu Mundo, Meu Estilo"

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  8. Amo quando a gente consegue se conectar de verdade aos personagens, isso normalmente torna um livro especial para mim. Gostei da história mostrar que perdas e ganhos caminham lado a lado, acho que é verdade. E acredito que essa parte do 11 de setembro vai mexer muito comigo, no meu segundo ano do teatro foi o tema de nossa peça de encerramento, e mergulhamos muito nele. Acho que ainda não superei também.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  9. Oi flor...
    adorei a sua resenha... adoro ler as resenhas onde os leitores conseguem de forma verdadeira e total se conectar com o enredo e os personagens... é algo as vezes dificil... mas acontece... li isso aqui na sua resenha... a maneira como expôs seus sentimentos durante a leitura, foi de fazer meu coração bater acelerado... eu tenho vontade de ler esse livro, mas está meio complicado disso acontecer, quem sabe um dia? Reviver a tragédia de 11 de setembro realmente é para mexer com os nossos sentidos, porque foi algo muito surreal e devastador para milhares de famílias.... sua resenha foi cheia de significados e linda, parabéns... Xero!!

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