12 janeiro 2018

Resenha - Belas Adormecidas, Stephen King e Owen King



Livro: Belas Adormecidas
Autor(a): Stephen King e Owen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 728
Adquira: Submarino | Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Pelo mundo todo, algo de estranho começa a acontecer quando as mulheres adormecem: elas são imediatamente envoltas em casulos. Se despertadas, se o casulo é rasgado e os corpos expostos, as mulheres se tornam bestiais, reagindo com fúria cega antes de voltar a dormir. Em poucos dias, quase cem por cento da população mundial feminina pegou no sono. Sozinhos e desesperados, os homens se dividem entre os que fariam de tudo para proteger as mulheres adormecidas e aqueles que querem aproveitar a crise para instaurar o caos. Grupos de homens formam as “Brigadas do Maçarico”,incendeiam em massa casulos, e em diversas partes do mundo guerras parecem prestes a eclodir. Mas na pequena cidade de Dooling as autoridades locais precisam lidar com o único caso de imunidade à doença do sono: Evie Black, uma mulher misteriosa com poderes inexplicáveis. Escrito por Stephen King e Owen King, Belas Adormecidas é um livro provocativo, dramático e corajoso, que aborda temas cada vez mais urgentes e relevantes.

Em “Belas Adormecidas” acompanhamos em primeira mão a história que, inicialmente, se desenrola na cidadezinha de Dooling, onde uma recém-chegada misteriosa atrai todos os olhares. Evie black, a nova habitante da cidade parece ser a única mulher imune ao caos que se instala logo após a sua chegada.

Algo está errado com as mulheres, não só em Dooling, mas no mundo todo. De repente todas as mulheres ao dormirem são envoltas em uma espécie de casulo e nunca mais acordam, e caso sejam acordadas, ou o casulo rompido de alguma forma, elas despertam de maneira irracional e descontrolada.


 “A substância que cresceu na cara de Kitty era branca e fina, grudada na pele. Fazia Clint pensar em uma mortalha. Ele conseguia ver que os olhos dela estavam fechados e que estavam se movendo no sono REM. A ideia de que ela estivesse sonhando embaixo daquela coisa o incomodava, apesar de ele não saber bem por quê. ” 

 Cada vez mais mulheres são afetadas no mundo todo, independente de idade. Crianças, bebês, idosas, adolescentes, todas! O que seria isso? Uma espécie de vírus? Doença? Maldição? O que há de errado? Essa é a pergunta que ficamos repetindo o tempo todo durante a leitura. A doença que afeta somente mulheres, passa então a ser conhecida como “Aurora”.

"Para dormir e sonhar com mundos diferentes. As filhas meninas se juntaram a elas nesses sonhos. Os filhos meninos, não. O sonho não era para eles." 

 Apesar de ter como inspiração um dos contos de fada como o próprio título já nos mostra, o enredo é totalmente atual, além de um grito sobre tantas questões polêmicas e que merecem atenção sobre o que vivemos diariamente, como por exemplo, o papel que as mulheres desempenham em sociedade. Os autores citam também a internet como a “terra de ninguém” que é, onde cada um cospe suas “verdades” e tantos outros acreditam e espalham, ou debatem as mesmas, onde todos parecem especialistas em tudo. Nesse caso, o caos que já se instaurava no mundo devido a doença, ficou ainda pior com as notícias espalhadas através da internet.

“A internet é uma casa iluminada acima de um porão escuro com piso de terra. A falsidade cresce como cogumelos nesse porão. Alguns são gostosos; muitos são venenosos. A falsidade que começou em Cupertino, que foi declarada como fato absoluto, foi um desses venenosos.
 AVISO SOBRE A AUTORA: URGENTE!
 Por dr. Philip P. Verdrusca”
O único jeito de impedir a disseminação da Aurora é queimando os casulos e as mulheres adormecidas dentro! Façam isso imediatamente! Vocês vão dar às suas amadas o descanso que elas desejam... SALVEM ELAS! ” 

Os hospitais logo ficam superlotados, homens desesperados tentando salvar suas filhas, esposas, mães e irmãs. Em busca de socorro ou solução através da medicina. E claro, tentando salvar de outros homens, que criam grupos radicais, baseados nas “verdades” espalhadas na internet, e assim, botavam fogo em mulheres adormecidas.

Fanatismo religioso. Um mundo sem lei. O caos dominante. Praticamente um apocalipse. As poucas mulheres que ainda não foram assomadas, tentam não dormir se drogando e fazendo de tudo para se manterem acordadas.

Em Dooling, Evie Black, esta a única mulher no mundo que parece imune a esse mal. Ela parece ser a única chance de busca para uma cura, uma solução talvez? Mas quem é ela? Algo sobrenatural existe em torno de Evie. E todos querem entender o que é.

Todos querem Evie, psiquiatras, médicos, os grupos radicais. Uns querem estuda-la para encontrar uma cura, outros querem isola-la, por acharem que ela pode não ser a solução e sim o problema. Clint Cross, um psiquiatra é um dos que acredita que Evie pode ser a cura, e tenta protege-la a todo custo.

“A mulher na porta esticou a mão e segurou o pescoço de Truman. Ele fez um barulho chiado... Pontos vermelhos apareceram nas bochechas de Truman. O sangue escorreu dos cortes que suas unhas estavam fazendo no pulso da mulher, mas ela não soltou. O barulho chiado ficou baixo...” 

 O enredo é fantástico! E tem muitas alusões aos contos de fada, não só da própria Bela Adormecida como de Alice no País da Maravilhas. Apesar de ser, obviamente, uma ficção, em meio ao show de horror que os King nos inserem, eles passam uma mensagem bastante clara e nos levam a refletir, “Qual o papel da mulher na sociedade? ” “Qual a sua importância? ” “O que seria do mundo se todas as mulheres desaparecessem? ”

A história é de um brilhantismo único! Sensacional!!! E para aqueles que já são fãs assíduos do mestre, nem tentem descobrir qual parte foi escrita por ele e qual foi escrita por Owen. É impossível perceber qualquer diferença. Parece que o talento vem no sangue, e a sintonia entre pai e filho mescla a escrita de ambos.

O número de personagens é imenso, fica difícil citar aqui, mas são todos muito bem elaborados, com características reais e particulares, são encantadores a seu modo.

Como um todo, o livro é mais fantasia e ficção do que horror. Não sei se isso decepcionaria aos fãs do mestre que são mais sedentos pelo gênero, mas acredito que não. Todo o brilhantismo e genialidade de King estão nesse livro. Mais um de seus calhamaços para deliciar seus fãs.

Obviamente eu já estou torcendo por uma adaptação, né!? Quem não estaria depois dessa leitura? Rs

Ah... e a história é tão sensacional que mal foi lançada e já foi premiada pelo Goodreads Choice Awards.

Se você ainda não leu, pode ir sem medo. As 728 páginas que, inicialmente, podem assustar são devoradas facilmente.


 “Seus olhos estavam fechados. A expressão de fúria tinha desaparecido. Uma expressão de serenidade inabalada assumiu o lugar dela. De repente, ela sumiu, escondida pela substância branca. A mãe da criança a segurou no colo, a aninhou e começou a beijar os dedos sujos de sangue. ”

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6 comentários

  1. Eu ainda não tive o prazer de conhecer as letras do Owen, mas sei um pouco de King e amo demais o trabalho do Mestre!
    Não vejo a hora de poder ter a oportunidade de ler este novo livro. Tudo que li até agora, fala do ser impossível descobrir qual parte o pai faz e qual parte o filho faz. Tamanha semelhança de talento e dom!
    Esse poder que o Mestre tem de colocar o leitor nessa agonia, dentro das páginas, é único e maravilhoso!
    Lerei com toda a certeza do mundo!
    beijo

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  2. Oi, Jaqueline.

    O mistério que ronda o sono dessas mulheres que tanto atormenta, aguça a nossa curiosidade em querer desvendá-los, e nos faz questionar o que está por trás dele e o porque disso acontecer somente com as mulheres!

    Será a Eva responsável por isso? E se for, qual o motivo por trás disso?

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  3. Oi Jaque!
    Incrível como King consegue escrever uma história de fantasia com maestria e além disso fazer uma crítica enorme a uma sociedade real né? Eu ainda não li, mas já conhecia o enredo porque procurei saber sobre ele, não sei você, mas senti que ele fala (sem falar, rs) muito do machismo!
    Que bom que as escritas se misturam e não percebemos quando é o pai e quando é o filho, mas não dá pra negar que a escrita de King mudou um pouco, apesar do mistério rondando essas mulheres, o livro em si não me parece um terror, acho que mais um suspense psicológico... Coisa que o autor faz mto bem.
    Beijos

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  4. Ainda não li nem um livro do Stephen King, mas tenho diversos livros dele em minha lista de leituras, pois sempre leio muitos comentários positivos referentes aos livros dele. Achei legal este livro ser escrito por Stephen King e o filho dele, achei interessante que apesar da história ter como inspiração um dos contos de fadas, o enredo é atual e debate questões polêmicas como o papel que as mulheres desempenham em uma sociedade e também o uso da internet, fiquei muito curiosa para ler este livro após ler sua resenha, sem dúvidas pretendo ler Belas Adormecidas.

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  5. Jaque!
    Na verdade nem todos os livros do King (e de sua prole) são de terror, alguns são mesmo de ficção com um jeito de thriller psicológico e acredito que é o caso aqui do livro, onde há uma série de novas doenças, o conflito entre os sexos, os mistérios em relação aos assaddinatos e por aí vai.
    Gostei de ver que há uma introdução falando sobre as diversas personagens, o que deve facilitar o entendimento.
    Desejo uma semana mais que abençoada e Novo Ano repleto de realizações!!
    “Meta para o Ano Novo? Ser feliz!” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  6. Eu achei muito criativo a ideia do Stephen King de fazer um livro com o filho e mais criativo mesmo foi o tema do livro que eles fizeram imagina um livro onde as mulheres são feitas de reféns praticamente e os homens vivendo sozinhos no planeta eu com certeza sabia que juntar pai e filho daria uma obra excelente Eu só não sabia o quanto eu comecei a ler esse livro e na hora bateu insônia Eu sabia que eu não ia conseguir dormir nem tão cedo se eu não terminar esse livro mas prev possível apesar de ainda estar na metade desse livro a leitura não me decepcionou em nenhum ponto acho que foi uma das melhores leituras do Owen King até agora

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