17 outubro 2016

Resenha - Os vivos e os mortos, Susan Beth Pfeffer


Livro: Os vivos e os mortos (Os últimos sobreviventes #2)
Autor(a): Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 336
Adquira: Saraiva | Submarino | Travessa | Americanas | Livraria Cultura
Livro cedido através da parceria com a editora
Um meteoro em rota de colisão com a Lua: um evento astronômico previsto com antecedência pelos cientistas. Só que para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e a Lua sai de órbita, aproximando-se da Terra e alterando de modo catastrófico o clima do planeta. À medida que Nova York é devastada e tanto comida quanto ajuda tornam-se escassas, o adolescente porto-riquenho Alex Morales luta para manter suas irmãs, Bri e Julie, de 14 e 12 anos, a salvo. Com os pais desaparecidos, cabe a ele assumir responsabilidades inimagináveis e dar o seu melhor para sobreviver enquanto reza para que o restante de sua família volte com vida para casa. 

ESSA RESENHA NÃO POSSUI SPOILER DO LIVRO ANTERIOR.
LEIA A RESENHA DE A VIDA COMO ELA ERA.


Alex Morales é um porto-riquenho de 17 anos que mora em Nova York com os pais e duas irmãs mais novas. O dia em que um meteoro atinge a lua tirando-a de sua orbita deveria ser apenas mais um dia que começou no colégio e acabou com o fim seu turno na pizzaria do bairro, mas não foi. Aquele não foi apenas um dia comum para ninguém na Terra. Quando tudo aconteceu, seu pai estava em Porto Rico, Carlos, seu irmão mais velho estava a meses fora servindo ao exercito e sua mãe foi chamada para um turno emergencial no hospital. O único que conseguiu entrar em contato foi Carlos, mas ele não conseguiria retornar tão cedo. Sem notícias dos outros, ele assumiu a responsabilidade de cuidar de suas irmãs e fazer o possível para que todos sobrevivessem até que os cientistas descobrissem como concertar aquela loucura.

Alex xingou baixinho. Estava sem telefone, sem energia elétrica, e com duas irmãs menores que dependiam dele até que os pais voltasse. Deus certamente não estava facilitando a sua vida.
Ou de todas as outras pessoas, ele pensou.

Esse é o segundo livro da série Os últimos sobreviventes, mas vocês puderam perceber que não há ligação entre os personagens. As histórias acontecem de maneira simultânea e não há qualquer mencionamento à Miranda e sua turma. Como o leitor já tinha recebido bastante informação sobre o desastre no primeiro livro, a autora se limitou as informações básicas que o protagonista precisaria para agir, focando a narrativa no drama da família. Essa foi uma estratégia inteligente da autora, pois evitou que a história se tornasse cansativa.

Se antes ficamos sabendo por alto o que havia acontecido nas grandes cidades do mundo, aqui temos a oportunidade de vivenciar como elas reagiram a sucessão dos acontecimentos: tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas...  o caos nem se compara ao que tínhamos conhecido. Mais pessoas significa mais mortes. Mais prédios significa menos áreas para subsistência e mais dependência dos recursos governamentais. A cidade se torna um região sem lei, onde sobreviver é a palavra de ordem e você deve conquistá-la a qualquer custo. Há dois fatores que dificultam a vida desses jovens: a falta de recurso financeiro e de orientação, mas a família Morales e eles não vão se entregar ao destino eminente.

religiosidade é um dos pontos de maior destaque dessa história. Mesmo após o desastre, o colégio (que era católico) e a igreja que frequentavam continuaram abertos. Era aos religiosos desses locais que Alex ia atrás de orientação, o que deixou o pensamento cristão muito presente na história. Caso você não seja cristão, não precisa ficar assustado pois não será chato ou incômodo para você, mas para mim foi algo que trouxe identificação. Eu ficava intrigada para saber como eles reagiriam a cada nova provação.

A história é narrada em terceira pessoa e mesmo sendo Alex o protagonista, todos os personagens agregaram valor à história. O amadurecimento de cada um dos irmãos também foi um ponto de destaque. Alex é apaixonado por sua família, mas eles são responsáveis por vários fantasmas que assombram seu coração. Julie, a caçula, é uma garota birrenta e egoísta, que vai te deixar muito pê da vida para no final de tudo te surpreender. Briana é uma religiosa fervorosa, a única que não abala sua fé com os acontecimentos e sua esperança de reencontrar os pais é algo comovente (e um pouco irritante). Além de outros, muitos outros personagens que aparecem na vida de deles como anjos, ou não.

Eu costumava rezar com sinceridade, mas, agora, são apenas palavras. Porque, se eu me permitir sentir dor e raiva, acho que elas podem me matar. Ou talvez eu mate alguém. Sei que é errado me sentir assim sobre Deus, e seu que é errado não sentir nada. Odeio isso, mas não ideio Deus. Odeio o fato de não amá-lo.

Até agora, a série apresentou histórias lineares, sem muitas reviravoltas, mas que são intensas e te deixam vidrado. Inclusive, Os vivos e os mortos me ajudou a sair de uma baita ressaca literária. Há mais dois livros para serem publicados e no próximo as histórias vão convergir. Não há previsão, mas como todos já foram publicados la fora, bem que a Bertrand Brasil poderia adiantar por aqui né? #PorFavor,NuncaTePedimosNada.

A capa é linda e é possível ver uma cidade bem devastada na parte inferior dela. A narração não é feita mais em forma de diário, mas ainda há uma separação por datas, o que eu acho bem importante para o leitor se situar no tempo, já que todos os dias parecem ser tão iguais. O espaçamento é ótimo, mas o tamanho da fonte continua me incomodando. Precisa ser tão grande assim? Me sinto mais cega do que já sou.

Dali a uma semana, o Queens deixaria de existir.
Porto Rico ainda existiria? E a família Morales? E a esperança?

Se você quer uma distopia que vai te despertar a vontade de se preparar para o fim do mundo, você precisa conhecer Os últimos sobreviventes.

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9 comentários

  1. Eu gosto muito de distopias, ainda mais quando trazem um assunto que é ao mesmo tempo tão corriqueiro(fim do mundo) e mesmo assim, não parece ser cansativo.
    O foco ser o real, o acidente, a rotina..talvez seja esse o diferencial.
    E por isso, a vontade em conhecer a história apareceu.
    Beijo

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  2. Olá!
    A algum tempinho estou com vontade de ler A Vida como ela Era e eu não sabia que tinha uma continuação. Fiquei bem curiosa para começar a ler os livros, ainda mais para descobrir como eles lidam com todas as situações depois do ocorrido. Achei interessante abordarem como a fé deles ficou depois de ter acontecido tudo que aconteceu, e gostei mais ainda de saber que o foco não está na crença deles. Quero muito ler.
    Beijos

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  3. Ainda não conhecia nenhum dos dois livros, o que me deixou bastante empolgada em relação à eles, amo livros deste gênero e tua resenha sobre o segundo livro deixa claro o quão banaca a historia do livro é. irei adicionar eles à minha lista de livros desejados! Parabéns pelo resenha, espero gostar assim como você!

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  4. Poxa que legal, apesar de ser um livro que segue a mesma premissa do outro pode ser lido separadamente sem nenhuma perca de história. A-do-rei, acho que esse tipo de livro está sendo artigo raro, livros independentes. Mas esse livro eu achei que deve ser um pouco menos interessante que o outro! Estou querendo ler, mas o outro me chamou mais a atenção... A capa está tão bela como o outro, e segue o mesmo padrão

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  5. Aí meu Deus, amei sua resenha, amei o livro, confesso que não sabia da existência da série......Eu nunca li nada desse tipo , mas eu adorei o livro só pela sua resenha.....é um livro que envolve aventura e drama familiar, torço muito pelo Alex...

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  6. Como assim cientistas afirmam que um meteoro colidirá com a Lua e as pessoas param, acampam, pra assistir o evento? Eu estaria morta de medo, fosse um impacto de grandes ou pequenas proporções! Eu sou muito medrosa!
    Gostei bastante do primeiro livro e ficava me perguntando qual seria a ligação entre os personagens e saber agora que não há me frustrou um pouco.
    No primeiro livro, a autora já havia se posicionado em relação a religião - a maioria das distopias foca no governo e na sociedade -, mas faz com que pensemos no fanatismo religioso e suas consequências.

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  7. Oi Dreeh,
    Estou empolgada para ler essa série, amei a primeira resenha e agora depois de conhecer mais um pouco do que acontece após essa catástrofe fiquei ainda mais interessada em ler. Pensei que seria uma continuação, mas pelo jeito o fato de que os personagens do segundo livro não tenham ligação com os do primeiro não afeta em nada, pelo contrário, me deixou ainda mais intrigada em ler essa distopia que promete ser bem intensa e emocionante.
    Beijos

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  8. Oi, Dreeh...
    Apesar de amar distopias, confesso que ainda não conhecia essa série... Adorei sua resenha e fiquei bastante curiosa para ler esses livros... Sua resenha ficou sensacional e a capa do livro é linda... Com certeza quero ler para saber como os personagens são capazes de lidar com as situações cotidianas após essas catástrofes... Parabéns pela resenha...
    Beijinhos...

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  9. Eu sou completamente apaixonada por distopias, por isso quando comecei a ler a resenha já até me ajeitei direito na cadeira aqui para prestar muita atenção HAHA Gostei bastante da série não trazer os mesmo personagens, e realmente a jogada da autora de não precisar contar tudo de novo é muito boa.
    Confesso que me assustei um pouco quando você falou sobre a questão religiosa, pois não sou cristã, mas como não interfere muito no desenrolar da trama, com certeza vou procurar saber mais sobre esse livro e se possível adquiri-lo! Preciso fazer jus a minha fama de louca das distopias né?! KKK
    Beijos :)

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