05 agosto 2016

Resenha - A vida como ela era, Susan Beth Pfeffer


Livro: A vida como ela era (Os últimos sobreviventes #1)
Autor(a): Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 378
Adquira: Submarino | Travessa | Americanas 
Livro cedido através da parceria com a editora
Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram – tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. O que Miranda não sabe é que os cientistas estão muito enganados... Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo. Através do diário da adolescente, A vida como ela era nos conduz por uma emocionante história de persistência, ensinando-nos que, mesmo diante de tempos assustadores e imprevisíveis, o recurso mais importante de todos – aquele que jamais deve ser extinto – é a esperança.


O cotidiano de Miranda era tranquilo, mais foi alterada por alguns motivos: o primeiro é que sua madrasta esta grávida - e ela não sabe como processar essa informação; o segundo é a colisão que acontecerá entre a lua e um meteoro. O momento será visível a olho nu no Estados Unidos e, com a colaboração dos cientistas - que aparecem tanto na televisão que parecem ter se mudado para dentro dela - a situação está se transformando em uma festa de verão. Durante uma semana inteira não se falou de outro assunto e no grande dia, todos se reuniram nas varandas para observar. Só que os cálculos falaram.

Durante um milésimo de segundo, eu poderia ter sido uma garota de 16 anos na Idade Média, ou asteca, ou apache, olhando para o céu e admirando seus mistérios. Durante aquele minúsculo instante, eu fui todas as garotas de 16 anos da história, sem saber o que os céus previam para meus futuro.

O impacto é maior do que o previsto e acaba tirando a lua de orbita, empurrando-a para mais perto da Terra. Como a Lua rege as mares, o mar é o primeiro a mostrar sinais de algo está errado, mas não é o único. Tudo parece entrar em colapso (seria culpa de um aumento na pressão gravitacional? Eu não entendo sobre o assunto, mas realmente gostaria de saber) e aos poucos o cenário tão conhecido por Miranda vai se modificando.

Graças ao pensamento rápido da sua mãe, a dispensa está cheia, assim como a farmácia da casa. Os que conseguiram sobreviver à zona de guerra, antes chamada de supermercado, poderiam estar em uma situação semelhante, não tinha como saber. Os vizinhos sumiram dentro de suas cadas, cada um escondendo, da melhor forma, aquilo que possuía de mais precioso: comida, água, cobertores, lenha. Ninguém sabia por quanto tempo os desastres continuariam a acontecer. Mas as coisas, bem... sempre podem piorar.

Talvez algo bom, que não podemos imaginar agora, aconteça. Mas temos que nos preparar para o pior. [...] Nós estávamos brincando de sobrevivência, mas agora temos que levar isso a sério.

Em meio ao fim do mundo, Miranda precisa lidar com os questionamento de qualquer garota da sua idade como a capacidade de sua mãe de discutir ou sobre como seus irmãos conseguem acabar com sua privacidade. Garotos, briga de amigas e baile de formatura também são um problema. Afinal de contas, tudo pode ser resolvido com a mesma rapidez em que foi destruído e ela precisava estar preparada! Isso se for possível se preparar para o futuro, seja lá qual ele fosse.

Não sei o que é pior: a eletricidade inexistente ou a eletricidade imprevisível.
Fico imaginando se alguém dia terei que decidir o que é pior: a vida que estamos vivendo ou vida nenhuma.

A vida como ela era é narrada pela protagonista através do seu diário. Ao longo de dez meses acompanhamos sua descrição diária sobre a degradação do mundo e o que sua família está fazendo para sobreviver. Sempre o primeiro livro de uma série, sempre esperamos algo mais introdutório e sem tanto acontecimentos, mas a autora surpreende em fugir do óbvio. A história é bem desenvolvida e, dentro do limite permitido em uma narrativa desse tipo, os personagens também. A história acaba com muitas interrogações, mas não teria como ser diferente. O bom é saber que, pelo que li da sinopse da continuação, devemos saber mais sobre alguns personagens que passam pela vida de Miranda, mas seguem adiante.

O grande diferencial dessa história é permitir que o leitor acompanhe o desencadeamento dos fatos que destroem o planeta. Já li outra distopia que relata o momento crucial em que o mundo que conhecemos começa a desaparecer (e ela não me satisfez), mas normalmente somos apresentados a uma nova sociedade já reestruturada, o que nos ajuda a imaginá-la como uma realidade paralela. Em A Vida Como Ela Era os fatos são mais palpável e não existe ficção científica aqui (leia-se zumbis ou qualquer outra situação indiretamente provocada pelo homem), é apenas um desastre natural que não podemos descartar e isso apavora.

Melhor me iludir que as coisas estão bem do que me iludir que nada tem jeito. Pelo menos, assim, eu sorrio.

Terminei a leitura praticamente em um único dia, o que a deixou muito intensa. Eu passava tantas horas mergulhada no dia a dia de Morgana que no momento em que voltava para a realidade ficava meio perdida, principalmente com relação ao racionamento de comida. Podem rir de mim, mas eu demorava um pouco para me tocar que a despensa estava ao meu alcance e não precisava ficar com fome. Só por essa experiência vocês conseguem ter uma ideia de como a história mexeu comigo.

Entre todos os assuntos levantados, o que mais mexeu comigo foi o de Megan, uma das melhores amigas da protagonista. Antes do caos ela começou a frequentar a igreja, o que modificou seu seus pensamentos, inclusive o jeito de agir (e eu não digo isso como algo negativo, ok?). No depois, o que era para ser positivo acabou ficando duvidoso e, na minha concepção - como pessoa e como católica - totalmente em desacordo com o que é pregado. O assunto polêmico e coloca em cheque não as intensões de pessoas comum, mas de alguém que se comprometeu em ajudar o próximo antes de tudo. Achei muito interessante a autora ter abordado o assunto - mais um diferencial -, e a forma sucinta como ela o fez também foi ótima.

- Sei que deveria estar contente por você, Megan, mas, sinceramente, acho que está louca. E, se o reverendo Marshall é quem está deixando você assim, acho que ele é mau. Esta vida, essa existência diária, é o único presente que recebemos. O pecado para mim é jogá-la fora e querer estar morta.

Muito não sabem, mas esse livro não é um lançamento recente. A editora decidiu mudar o padrão de capas para o segundo volume e o relançou. Todos dizem amém, porque antiga era muito, muito feia para abrigar uma história tão incrível quanto essa. Eu fiquei apaixonada no novo visual, principalmente por essa lua em alto relevo. O livro é dividido nas estações do ano e cada capítulo engloba uma quantidade de dias, agrupados pelo contexto de seus escritos. Não é um defeito gravíssimo, mas o tamanho do espaçamento entre linhas é incômodo de tão grande. Além disso, a fonte me pareceu levemente maior do que o tradicional. O bom é que, se você tem problema de visão, esse padrão será maravilhoso.

Esse livro não é indicado apenas para quem gosta de Jogos Vorazes, ele é indicado para todo leitor que goste de uma boa história. Permita que Susan Beth Pfeffer mexa com sua mente e lhe ajude a valorizar o que chamamos de vida.

Será que as pessoas percebem quanto a vida é preciosa? Sei que nunca percebi isso antes. Sempre havia tempo. Sempre havia um futuro. 
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Valendo um exemplar de Três Coisas Sobre Você.

12 comentários

  1. EU amei a resenha.
    Adoro livros co esta pegada de distopia, fim do mundo. Conforme fui lendo a resenha fui ficando mais ansiosa para poder ler.
    E eu gostei mais desta capa recente do que a antiga.

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  2. adorei a resenha, meu primeiro contato com o livro :) e posso dizer que fiquei com muita vontade de ler. Só estou pensando por ser uma série. Não gosto muito de séries pois depois fico com vontade de ler tudo de uma vez

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  3. Adoreii a resenha, gosto bastante de livro que trazem uma realidade diferente da nossa! A capa esta realmente linda, só não gostei muito por se tratar de uma série, mas estou ansiosa para ler! Beijoos

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  4. Amei a resenha, fiquei super curiosa para poder ler este livro. Quando ví que a menina escrevia um diário logo lembrei de um livro que li recentemente e que também tinha essa coisa de racionamento de comida e tals. Muito bom.

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  5. Bem interessante a trama do livro, trazendo uma abordagem diferente da maioria das distopias. Gostei da dica.

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  6. Nessa época de Independence retornando, vem um livro bem a calhar.
    Estamos cada vez mais próximos do fim, é óbvio. E como não conhecia a história,gostei muito do que li acima e o livro vai para a lista de desejados!!
    Beijos

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  7. Drehh não sou muito fã de distopias. fui aceitando mais esse tipo de leitura depois que li Jogos Vorazes. achei interessante nesse caso, o livro ser em forma de diário mesmo que a gente leia um único ponto de vista. olha, se eu vivesse num mundo assim, provavelmente também seria egoísta hahahaha, não gostei da capa, acho que poderia ser mais trabalhada. mas achei um livro interessante e quem sabe, aparecendo a oportunidade eu leia. bj!

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  8. Oii
    Nossa , adorei a premissa da trama.. me parece ser uma aventura muito boa e reflexiva, fazendo -nos enxergar as pequenas coisas do dia a dia, as vezes não precisamos de muito, o essencial nos basta.. livros assim me fazem ver que sempre vale a pena viver, lutar pela vida.. com garra e paixão. Me faz valorizar muito mas tudo que tenho !!

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  9. Olá!
    Resenha perfeita! Não conhecia esse livro, talvez só pela capa, mas desconhecia a premissa e que seria uma série. Por tudo que você escreveu, adorei e fiquei muito interessada em ler. Gosto desse gênero e a história tem tudo para prender a atenção. Já adicionado a minha lista. Ótima dica. Beijos.

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  10. Oi Dreeh,
    Nossa! Não conhecia esse livro, mas acho que já vi essa capa em algum lugar. Adorei a premissa do livro, e apesar de ser o primeiro volume da série parece ser uma trama bem construída mesmo. Um livro que aborda um desastre natural já chama minha atenção na hora, amo livros que trazem mensagens de reflexão, e essa promete ser bem intensa e emocionante. Já está devidamente anotado na lista de desejados.
    Beijos

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  11. Gente, amei!
    Não conhecia o livro e achei demais! Como você disse na resenha, não tem zumbis ou algo do tipo, é uma coisa natural, que poderia acontecer (acho).
    Já vai entrar pra minha lista de desejados! <3

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  12. Oi tdo bem..
    Achei o livro super interessante e fiquei muito curiosa pra ler ,pois gosto muito de distopia,ficçao;
    Vi a capa da antiga ediçao e concordo com vc que essa com certeza e bem melhor e muita mais linda,a outra e bem sem graça,otima resenha parabens..
    Um abraço e muito sucesso ?)

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