20 janeiro 2022

Resenha - Entrevista com a Morte, Julia Giarola Andrade



Livro: Entrevista com a Morte
Autor(a): Julia Giarola Andrade
Editora: Coerência
Páginas: 181
Adquira: Amazon


Guy Standing é um renomado apresentador, mas se manteve afastado das telas após o suicídio de seu filho. Depois de meses sem aparecer em público, ele volta ao seu antigo estúdio, motivado pelo seu agente, Nate, para preparar a entrevista do século. Juntamente com uma equipe de filósofos, sociólogos e teólogos, o apresentador enfrentará um dos maiores desafios de sua existência, já que terá de encarar seus próprios fantasmas, pois a pessoa a quem entrevistará é a personificação da Morte.


Se você tivesse a oportunidade de entrevistar a morte, você o faria? Qual seria sua primeira pergunta?

Na obra de Julia Giarola conheceremos Guy Standing, um renomado apresentador de televisão que vê o encanto pela própria existência se esvair após o suicídio de seu único filho. À partir da experiência traumática de não conseguir salvar seu menino, Guy se afasta das telas, desiste de seu casamento e se entrega completamente ao luto e a culpa. Até que meses após o acontecido Guy é convocado para retornar ao seu antigo estúdio e conduzir uma das entrevistas mais chocantes que o mundo já viu, ele entrevistará a personificação da Morte.

O mundo parou com a chegada da entidade na Terra. Não apenas pelo medo e curiosidade em relação ao desconhecido, mas pelo fato de que sua presença entre os humanos cessou toda e qualquer morte. O caos logo começa a ganhar forma com delitos, furtos e a maldade humana, enquanto grupos religiosos tentam a todo custo combate-la. Nesse meio, Guy busca compreender seu papel nessa situação, ao mesmo tempo em que precisa confrontar seus medos mais sombrios. Por que a morte o escolheu? Será essa sua chance de encontrar as respostas que ele precisa tão desesperadamente?

Raiva, depressão e luto são os temas centrais dessa obra que conversa com o leitor em cada linha, seja pelo quadro angustiante ao qual o protagonista se encontra ou pela forma como as pessoas o julgam, mascarando seus ataques como preocupações pela sua demora em reagir ou se reerguer.

É impressionante como a autora conseguiu em pouco mais de 150 páginas construir um enredo poeticamente original, responsável e instigante, e ainda assim trazer reflexões pertinentes e necessárias enquanto nos convida a conhecer a profundidade da perda de Guy.

Muito mais do que falar da dilacerante dor do luto, a obra fala sobre libertação. Não apenas das culpas que impõem sobre nós, mas daquelas que nós mesmos abraçamos quando no fundo nada do que fizéssemos bastaria para mudar o resultado final.

Que você se liberte do peso da culpa de tudo aquilo que estava longe de seu alcance!

Dizem que todo século tem sua imagem. Está é essa imagem. A profundidade da perda. A epidemia da tristeza. A poesia da morte.


 

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