26 abril 2016

Especial - Simon vs. a agenda Homo Sapiens - Quebra de Padrão


Para quem está acompanhando a semana especial - Simon vs. a agenda Homo Sapiens que está acontecendo entre os parceiros da Editora Intrínseca pode até imaginar que esse livro é apenas mais um romance gay falando das dificuldades de um adolescente em assumir sua condição sexual. Mas engana-se quem pensou apenas isso, esse livro aborda assuntos bem mais abrangentes, como por exemplo a quebra de rótulos e padrões impostos pela sociedade como um todo.


Já pararam para analisar como desde o nascimento temos padrões a seguir para viver como cidadãos? Sim, é isso mesmo, desde que nos conhecemos por gente sempre ouvimos que homem não chora, que as mulheres são o sexo frágil e que gay precisa sair do armário. Sem contar a intolerância entre as raças e classes sociais. Mas qual o motivo disso tudo? E por que a vida não seria melhor se pudêssemos nos livrar dessas amarras? É essa a linha de raciocínio desse livro, mas abordada de uma forma que nos faz refletir muito.



Simon sabe de sua sexualidade, mas não consegue se abrir naturalmente com a família e os amigos como acontece com qualquer jovem hétero. E é somente quando começa a se corresponder com Blue de forma anônima, onde ambos usam codinomes para não serem reconhecidos, que ele consegue expressar seus sentimentos e ser integralmente o que ele é por dentro e por fora. Mas existe um grande questionamento no livro - Por que o gay precisa sair do armário e gritar aos quatro cantos do mundo sobre sua orientação sexual? Por que ele precisa se expor tanto enquanto jovens héteros não tem a obrigação de ficar se auto-afirmando para o mundo?

[...] você não acha que todo mundo devia ter que sair do armário? Por que o comum é ser hétero? Todo mundo devia ter que declarar o que é; devia ser uma coisa bem constrangedora, não importa se você é hétero, gay, bi ou sei lá o quê. (Pág. 130)
Diferente do que vemos em muitos livros com essa temática, a família de Simon não é do tipo conservadora ou religiosa, pelo contrário, Simon tem o tipo de pais que adoram fazer piadinhas, principalmente sobre gays, ou seja, imagina passar 17 anos da vida ouvindo piadinhas de muito mau gosto e um belo dia dizer: Ei Pai e Mãe, sabiam que eu sou gay? Pois é, esse é um dos fatores que deixam Simon desconfortável para se abrir e receber apoio daqueles que deveriam estar ao seu lado em momentos bons e ruins.


Mas a questão e o foco aqui não é Simon se revelar, o que ele quer é apenas ser tratado como um jovem normal, que embora não seja hétero, tem os mesmos direitos e merece respeito, quer esteja dentro dos padrões ou não. Outra fator interessante na trama é a melhor amiga de Simon, Abby, que diferente de muitas personagens que ganham voz nas histórias, é negra e linda - outra quebra de padrão maravilhosamente bem colocada por Becky Albertalli.  Agora parando para analisar, quantas histórias você já leu onde negros ocupassem o lugar de destaque?

É mesmo muito irritante que hétero (e branco, diga-se de passagem) seja o normal e que as pessoas que precisam pensar sobre sua identidade sejam só aquelas que não sei encaixam nesse molde. (Pág. 131) 

Lendo Simon vs. a agenda Homo Sapiens, percebi o quanto precisamos olhar para nossas próprias vidas e rever os padrões que julgamos correto. Afinal, para quê existir padrão em um mundo onde existem pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo tão interessantes? É fato que sempre alguém ficará fora do "aceitável" e irá sofrer as consequências disso. Ao refletir sobre isso me veio o seguinte pensamento - padronizar apenas nos limita a conhecer experiências novas, pessoas novas e ideias novas, então fuja do padrão, fuja da sua zona de conforto e apenas viva. Não permita que ninguém dite as regras para a sua felicidade.


2 comentários

  1. Adorei a resenha, me deu muita vontade de ler o livro agora!!

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  2. Olá Glaucia,
    Por já ter lido uma resenha sobre o livro comecei a leitura já sabendo que a história não seria apenas sobre a homossexualidade, mas sim por abordar vários pontos de reflexão. Amei a leitura, pois além de tratar a orientação sexual dos protagonistas a autora abordou assuntos como o preconceito racial, as expectativas sociais, e os dilemas que qualquer adolescente enfrenta. Gostei da reflexão que a história trouxe sobre a quebra de rótulos e padrões impostos pela sociedade, onde Simon levantou a questão de porque precisa anunciar sua orientação sexual enquanto homens e mulheres héteros não precisam.
    Beijos

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