Resenha - O que me faz pular, Naoki Higashida

Naoki Higashida sofre de autismo severo. Com grande dificuldade de se comunicar verbalmente, o jovem aprendeu a se expressar apontando as letras em uma cartela de papelão, e, aos treze anos, realizou um feito extraordinário: escreveu um livro. Delicado, poético e profundamente íntimo, O que me faz pular traz uma nova luz para entendermos a mente autista. O jovem explica o comportamento muitas vezes desconcertante das pessoas com autismo e compartilha conosco suas percepções de tempo, vida, beleza e natureza, apresentadas em um relato e um conto inesquecível.

SÉRIE: Volume Único
AUTOR: Naoki Higashida
EDITORA: Intrínseca				EDIÇÃO: 2014
CONCEITO:  5 estrelas				PÁGINAS: 192
ADQUIRA: Saraiva / Submarino / Americanas
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Lindo, sensível e tocante, O que me faz pular, de Naoki Higashida nos apresenta um universo em que muitos acham que conhecem e podem falar sobre, porém ao ler esse livro entenderam que não sabem nem a metade do que se passa nesse mundo incompreendido e habitado somente pelos autistas.

Aos 13 anos de idade, Naoki sentiu necessidade de compartilhar com o mundo como é a vida de um autista e as limitações por trás dela, e nem mesmo seu autismo severo e a dificuldade para se comunicar verbalmente foram capazes de impedi-lo. Com a ajuda de sua mãe e uma professora, ele aprendeu a ser comunicar através de uma prancha de alfabeto e desde então Naoki não parou, chegando a publicar seu livro, escrever seus contos e manter seu blog.

Não conseguir falar significa não compartilhar o que a gente pensa. É como ser um boneco que passa a vida toda em isolamento, sem sonhos ou esperanças. (pág.27)

O livro trás uma série de perguntas e respostas nas quais Naoki nos explica exatamente o que se passa na cabeça de um autista, e em como devemos trata-los como pessoas normais, que assim como nós, tem entendimento do que é dito e feito em sua volta. A única diferença é que nós conseguimos manipular nossos sentimentos e reações, enquanto um autista tem dificuldades de responder uma simples pergunta.

Pergunta 7:
Por que você fala de um jeito tão peculiar?
Ás vezes, pessoas com autismo falam numa entonação estranha, ou usam a linguagem de forma diferente. Quem não é autista pode escolher o que quer dizer em tempo real, enquanto está conversando. No nosso caso, as palavras que mais queremos dizer e aquelas que conseguimos dizer nem sempre coincidem. [...] Porém, com a prática isso melhora. Por favor, não ria de nós, mesmo que o nosso desempenho nem chegue perto do ideal. (pág. 41/42)

O livro trás uma reflexão linda, e nos faz entender que existem pessoas com problemas tão maiores que os nossos, e que mesmo assim elas estão lutando para viver e fazer o bem até mesmo para aqueles que nem sequer lhe dirigem a atenção. Naoki Higashida é um exemplo de ser humano de alma bondosa e coração puro e acredito que sua condição de autista não é algo capaz de reprimir a grandeza de seu coração.

O coração de cada um de nós pode ser tocado por alguma coisa. Chorar não significa tristeza, ou crise, ou estar magoado. E eu gostaria que, se fosse possível, vocês mantivessem isso em mente. (pág. 140)

Esse livro é indicado para todos, é um alerta de socorro e de atenção não somente para autistas, mas para o ser humano em si. Tenho certeza de que se formos capazes de parar e tentar compreender melhor o ser humano, também seremos capazes de crescer como pessoas melhores, refletindo mudanças em nossas vidas e em nossa sociedade.

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