09 novembro 2019

Resenha - A Metade Sombria, Stephen King


Livro: A Metade Sombria
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de letras
Páginas: 464
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora

Criar George Stark foi fácil. Se livrar dele, nem tanto. Há anos, Thad Beaumont vem escrevendo, sob o pseudônimo George Stark, thrillers violentos que pagam as contas da família, mas não são considerados “livros sérios” pelo escritor. Quando um jornalista ameaça expor o segredo, Thad decide abrir o jogo primeiro, e dá um fim público ao pseudônimo. Beaumont volta a escrever sob o próprio nome, e seu alter ego ameaçador está definitivamente enterrado. Tudo vai bem. Até que uma série de assassinatos tem início, e todas as pistas apontam para Thad. Ele gostaria de poder dizer que é inocente, que não participou dos atos monstruosos acontecendo ao seu redor. Mas a verdade é que George Stark não ficou feliz de ser dispensado tão facilmente, e está de volta para perseguir os responsáveis por sua morte.


Metade Sombria é está de volta as livrarias como parte da Biblioteca Stephen King, coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra, o que é ótimo, pois o livro passou muitos anos esgotado nas livrarias. Uma ótima oportunidade para o leitor que não tenha encontrado essa obra anteriormente, chegou a hora de botar a leitura do Rei em dia.

O livro foi originalmente lançado em 1989, então vale a pena contar uma breve história dessa época da vida do autor para entender um pouco da motivação por trás da obra.

Provavelmente todo mundo já passou por um período de toxicidade na vida, onde foi preciso se afastar de coisas que lhe faziam mal, seja bebida, drogas, amigos... Para King não foi diferente, ele precisava ficar sóbrio e se livrar das drogas, para isso, se afastou de pessoas que estavam com ele nos seus anos de embriaguez, seu agente e seu editor foram duas dessas pessoas, mas precisava de mais, havia alguém que ele não conseguia se afastar, era alguém que não iria embora sem lutar, esse alguém era o seu pseudônimo Richard Bachman.

A Metade Sombria foi o último livro escrito por King antes de ficar sóbrio, foi por volta de 1987, mas só chegou às lojas em 1989, o ano que ele começou a frequentar grupos de reabilitação. Fazia algum tempo que Stephen King só lançava histórias de fantasia e seus leitores estavam ávidos por terror. O sucesso foi estrondoso, vendeu tanto que no último ano da década de 80, se tornou o segundo livro mais vendido da década e ficou mais de 60 semanas na lista de best sellers do New York Times.

King só conseguiu se livrar de Richard Bachman quando um fã expos seu pseudônimo publicamente. Não havia mais motivos para manter o nome, já que todos agora sabiam que era ele o escritor. Stephen King decidiu matar o seu alter ego, foi aí que surgiu a ideia de escrever A Metade Sombria.

Stephen King já havia lançados diversos livros de ficção e suspense sob a alcunha de Richard Bachman, mas nenhum livro de Bachman fez tanto sucesso quanto aos livros de King. Em A Metade Sombria, o autor inverte esse cenário, onde o pseudônimo faz mais sucesso com seus livros mais sombrios e mais violentos que os do escritor Thad Beaumont.

King utiliza a mesma forma em que foi exposto por um fã para iniciar a trama de Beaumont e seu pseudônimo George Stark. Thad decide matar o seu outro eu e dá até uma entrevista a revista People para marcar o evento.

“Os pardais estão voando novamente".

Seria um erro transformar todos os livros de King em psicanálise, mas este, sobre um escritor que luta com seu alter ego mais bem-sucedido que pretende matar sua família e eliminar sua identidade real, é bom demais para fazer não fazer isso. Uma das coisas que King disse que o impediu de ficar sóbrio, foi o medo de que todo o seu talento estivesse no fundo de uma garrafa. Se ele parasse de beber, pararia de escrever. É exatamente desse medo que Stark é feito. O talento sombrio que tornou Thad rico e famoso estava enterrado com Stark, mas agora havia retornado e se tornado um perigo para sua família e seus amigos.

Em vários momentos, o livro parece brincar com o estilo do autor, os cacoetes literários do King estão evidentes em uma espécie de exagero. O livro é desnecessariamente longo de propósito, várias repetições com detalhes pequenos, vários diálogos sobre nada relevante são postos de maneira caricata, subtramas, etc. Ainda assim, não comprometem a obra de maneira alguma. Você para pra pensar “o que diabos é Beaumont?” o que é irrelevante. O importante é que quando ele está em cena, o livro simplesmente perde todo o arrastado e se torna algo fantasticamente sombrio, violento e aterrorizante.

Tudo que o Stark quer é que Thad escreva um novo livro para ele, então ele poderá viver novamente, enquanto Beaumont desaparecerá para sempre. Essa motivação te deixará apreensivo do começo ao final. E esse final é sensacional.

No começo dos anos 90, o editor de King, Chuck Verrill, sugeriu que ele escrevesse o livro em que Beaumont tinha que escrever para Stark. Seria publicado como um livro de Bachman, mas o livro nunca saiu, uma pena.


2 comentários

  1. li alguns livros do King na adolescência e ja gostei de ver a indicação desse por aqui

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  2. Comecei a ler King este ano e o nome deste livro me chamou a atenção.
    Adorei sua resenha, espero ler em breve, pois sou psicóloga e trabalho com dependentes químicos, acho que vou adorar!

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