15 novembro 2019

Resenha - A Intérprete, Annette Hess


Livro: A Intérprete
Autor(a): Annette Hess
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Adquira: Amazon

Tendo como pano de fundo os julgamentos de Auschwitz, este sucesso internacional de Annette Hess conta uma história arrebatadora sobre uma jovem disposta a enfrentar a família e a sociedade para expor as verdades mais sombrias de sua nação. Para Eva Bruhns, a Segunda Guerra Mundial é apenas uma memória nebulosa da infância. Ao fim dos conflitos, Frankfurt estava arruinada, vítima dos bombardeios dos Aliados. Agora, em 1963, a cidade está totalmente reconstruída e Eva espera, ansiosa, pelo pedido de casamento do namorado rico, sonhando com uma vida longe dos pais e da irmã. Porém, seus planos são alterados quando o impetuoso advogado David Miller a convoca para atuar como intérprete nos julgamentos do campo de concentração de Auschwitz. À medida que se envolve com as testemunhas polonesas, Eva começa a questionar seu futuro e o silêncio da família sobre a guerra. Por que os pais se recusam a falar sobre o que aconteceu? Ela ama mesmo o namorado e será feliz como uma dona de casa? Determinada a fazer justiça, Eva se une a um time de promotores empenhado em condenar os nazistas – uma decisão que mudará o presente e o passado de seu país.


Vinte anos após o fim da segunda grande guerra, uma jovem alemã é convidada a atuar como intérprete em um processo que divide a opinião da população de um país oficialmente já dividido.

Eva era apenas uma criança quando a guerra acabou, talvez por isso mantenha a inocência que seu namorado tanto admira nela. Seus pais não falavam sobre aquele período, ela também não perguntava. Porém, conforme o julgamento avança, ela começa a buscar por respostas que talvez não queira ouvir.

A estrutura do livro é diferente de tudo que já vi. Não há capítulos, apenas cinco grandes partes não nomeadas. A narrativa é focada em Eva, mas passeia por muitas vozes: sua família, seu namorado, os integrantes do processo, inclusive uma testemunha de acusação. E diferente do que podemos imaginar, isso não me ajudou a entendê-los. Só confundiu mais minha cabeça.

Nenhum dos personagens é real, mais quando você sabe que citações literais do primeiro processo sobre Auschwitz foram misturadas na narrativa, fica difícil definir essa história como ficção. Annette Hess conta isso no fim do livro. E eu, que já estava com o coração pesado, afundei ainda mais em meus pensamentos.

É estranho constatar, mas o livro não tem uma carga dramática exagerada. Temos alguns personagens problemáticos - e admito ainda não os ter compreendido totalmente -, mas a protagonista é simplesmente corajosa. A intenção da autora não é nos fazer sofrer, mas refletir. Aliás, eu desconfiaria de qualquer ser humano que ouvisse o depoimento de um prisioneiro de um campo de concentração e não ficasse reflexivo.

Entre os vários pontos de discussão, o que mais me pegou foi a ambientação. Imagina como se sentiam os alemães a ouvirem aqueles relatos tão pouco tempo após o fim da guerra... Militares da SS ainda prestavam continência a seus superiores, o preconceito contra judeus e não-arianos ainda era latente. E alguns, provavelmente a minoria, via aqueles acontecimentos como o que eles são: uma atrocidade.

A intérprete é uma leitura rápida, que te envolve com facilidade. É o tipo de livro que te transforma e agrega. Um excelente presente de Natal.


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