14 novembro 2016

Resenha - Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática, Thalita Rebouças


Livro: Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática
Autor(a): Thalita Rebouças
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Adquira: Saraiva | Submarino | Travessa | Americanas | Livraria Cultura
Livro cedido através da parceria com a editora
Tetê acaba de se mudar com a família toda para Copacabana, no Rio de Janeiro, para a casa dos avós. O lindo e espaçoso apartamento da Barra da Tijuca em que morava teve que ser vendido, pois com a crise o pai foi demitido, e o resultado é que a vida dela virou de cabeça para baixo. Além de perder a privacidade, tendo que dividir o espaço com cinco parentes malucos que brigam o tempo todo, ela perdeu todas as suas referências. A única coisa que a deixa feliz é cozinhar. E, claro, comer as delícias que faz. O lado bom foi se livrar do antigo colégio, no qual sofria bullying por causa de seu jeito peculiar. Sem contar sua desilusão amorosa... O problema é que ela está apavorada, porque agora tudo será novo e estranho, com o ensino médio, com a nova escola, e sem conhecer ninguém. E morre de medo de ser excluída ou de sofrer bullying novamente. Ela está bem mal, para dizer a verdade. Ou talvez seja um pouco de drama, porque já no primeiro dia as coisas parecem ser um pouco diferentes... Pelo jeito, tudo vai mudar, e para melhor.


Teanira, ou Tetê, está entre os adolescentes que precisarão enfrentar o temido primeiro dia do ensino médio em uma escola diferente. Depois que seu pai perdeu o emprego, a situação financeira da família começou a apertar e eles saíram da Barra da Tijuca para Copacabana, onde morariam com seus avós. Mas a situação em sua nova casa está longe de ser tranquila. Seus país estão quase se separando, seu bisavô ronca tanto que não a deixa dormir, sua avó se intromete em tudo e seu avô, ah, esse era o único que se salva nesse caos. A cereja do bolo é sua mãe, que se convenceu de que ela precisa de um terapeuta. Tudo por conta do jeito da menina que não esbanjava felicidade por ai, mas quando estava na cozinha era a pessoa mais feliz do mundo. Não só porque gostava de comer, mas por ser uma cozinheira de mão cheia! #ohinveja


Tetê sempre foi invisível. Não tinha muitos amigos, era constantemente alvo de bullying (inclusive dentro de sua própria casa!)... Imaginem sua surpresa quando, no primeiro dia de aula, sentou ao lado de alguém que parecia tão isolado quanto ela. Finalmente ela teria a chance de ter um amigo! Em contra partida, sua paixonite pelo garoto mais lindo do colégio e namorado da patricinha mais insuportável era quase um prenuncio de que sua vida estava longe de ser facilitada. Só que dessa vez ela não ficaria parada vendo tudo desmoronar, nem que para isso precisa-se apelar para uma mudança drástica no visual.

Eu adoro um bom clichê adolescente que passa na Sessão da Tarde. Mesmo apresentando histórias com pouca profundidade, gosto de rir e suspirar com situações que nunca enfrentei. Ou seja, são histórias para passar o tempo, relaxar. Quando anunciaram esse livro eu fiquei super empolgada de, finalmente, ter a oportunidade de ler algo da Thalita Rebolças. A trama apresentava uma pegada mais juvenil, a protagonista era a minha cara... Tinha todos os requisitos para ser favoritado! Mas é aquilo, quanto maior a expectativa, maior a decepção. É a sina de qualquer leitor.

Não posso negar, a autora sabe contar uma história. Ela não teria chegado onde chegou se não soubesse, não é mesmo? Porém esse livro deixou a desejar. Os personagens saíram estereotipados demais, a protagonista é MUITO dramática e a narrativa acabou sendo forçada além da conta. Se eu não tivesse me incomodado tanto, teria sido uma leitura bem rápida, mas não conseguia me divertir com o que estava lendo. 

De um lado tinha a turma dos excluídos: Tetê, a gordinha, de óculos e pelos no corpo (olá eu de doze anos atrás!); Zeca, o gay espalhafatoso e Davi, o nerd largadão com dificuldade para se relacionar. Do outro lado estavam os descolados: Erick, o galã bacana que defendia a mocinha e Valentina, a patricinha sem cérebro que namora o galã e atormenta a mocinha. Eu falei que gosto de clichês, mas nada em excesso é bom, né.

Estereótipos a parte, uma outra abordagens também me agradou nadinha. Vejo a vaidade como algo natural do indivíduo. Pode ser adquirido ao longo do tempo? É claro que sim, mas quando você não se importa com isso, não se importa e ponto final. Suas escolhas estéticas não te fazem melhor ou pior do que ninguém. Ver trechos que zombavam dos personagem por algo puramente estético não foi nada agradável. Em uma época de empoderamento feminino e libertação de padrões de beleza, a autora criou uma personagem que, para se aceitar, precisou mudar. Ela criou uma história que valorizou a aparência e não a essência da pessoa. Durante a leitura eu me questionei diversas vezes como um adolescente na situação da Tetê se sentiria lendo essa história. 

Como nem tudo é ruim, quero ressaltar a questão do bullying, que foi bem trabalhada. Esse é um assunto recorrente, mas é muito sério, então sempre fico feliz de vê-lo sendo abordado. Principalmente com o público jovem.

A melhor parte do livro é a diagramação, que coisa mais linda! A Editora Arqueiro pensou em todos os detalhes para, facilmente, conquistar seu público-alvo. Vamos começar dizendo que esses tons de verde e rosa da capa super combinam e ainda tem essa ilustração fofa (mesmo que não represente a protagonista) para acompanhar. Se você abrir todas as abas vai ser que por dentro elas estão com estampado muito lindinho. A diagramação completa o trabalho gráfico cheio de corações, balões de mensagem e um caderninho de receitas. Tudo muito jovem e descontraído.

E as receitas? Há para todos os gostos e para todos os tipos de habilidade (a forma como a autora classificou a dificuldade de cada uma é hilária). Acho que todo jovem deveria aprender a cozinhar. Seja menina ou menina e desde que supervisionado pelos pais, claro. Saber ir além do miojo e dos congelados é útil para a vida!

Se eu recomendaria esse livro? Não sei. Se você é um adolescente com baixa alto-estima, minha resposta provavelmente seria não. Porém, essa é a minha opinião. A sua ou a do jovem que você pretende presentear pode (e eu espero que seja) diferente.

3 comentários

  1. O drama da personagem deve ter sido só pra fazer jus ao título..rs
    Não gosto de personagens mimadas não. Mas, adoro um romance juvenil, destes água com açúcar da sessão da tarde mesmo!
    E trazendo algo como discriminação e a união dos "pouco amados"..rs
    Aliás, vivemos a era destas pessoas..e não sei ao certo se isso é bom ou ruim.
    Se tiver oportunidade, lerei!
    Beijo

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  2. Oi Dreeh,
    Como não faço parte do público-alvo do livro quando vi o lançamento não fiquei com vontade de ler, esse tipo de trama bem adolescente e superficial não me atrai muito. Realmente essa leitura não é uma boa dica para se recomendar para os adolescentes e leitores em geral, onde muitos aprenderam a julgar pelas aparências, esse estereótipo de ser perfeito que história passa é bem desanimador. O que mais me chama a atenção em livros com trama jovem é a parte reflexiva, e pelos comentários que já li essa parte é bem fraca nesse livro. Não tenho vontade e ler esse livro.
    Beijos

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  3. amo este livro , a thalita retrata muito bem os personagens , além da história ser muitoooo engraçada e facil de ler ao mesmo tempo .

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