10 julho 2015

Resenha - Estação Onze, Emily St. John Mandel

Certa noite, o famoso ator Arthur Leander tem um ataque cardíaco no palco, durante a apresentação de Rei Lear. Jeevan Chaudhary, um paparazzo com treinamento em primeiros socorros, está na plateia e vai em seu auxílio. A atriz mirim Kirsten Raymonde observa horrorizada a tentativa de ressuscitação cardiopulmonar enquanto as cortinas se fecham, mas o ator já está morto. Nessa mesma noite, enquanto Jeevan volta para casa, uma terrível gripe começa a se espalhar. Os hospitais estão lotados, e pela janela do apartamento em que se refugiou com o irmão, Jeevan vê os carros bloquearem a estrada, tiros serem disparados e a vida se desintegrar. Quase vinte anos depois, Kirsten é uma atriz na Sinfonia Itinerante. Com a pequena trupe de artistas, ela viaja pelos assentamentos do mundo pós-calamidade, apresentando peças de Shakespeare e números musicais para as comunidades de sobreviventes. Abarcando décadas, a narrativa vai e volta no tempo para descrever a vida antes e depois da pandemia. Enquanto Arthur se apaixona e desapaixona, enquanto Jeevan ouve os locutores dizerem boa-noite pela última vez e enquanto Kirsten é enredada por um suposto profeta, as reviravoltas do destino conectarão todos eles. Impressionante, único e comovente, Estação Onze reflete sobre arte, fama e efemeridade, e sobre como os relacionamentos nos ajudam a superar tudo, até mesmo o fim do mundo.

SÉRIE: Volume Único
AUTOR: Emily St. John Mandel
EDITORA: Intrínseca
EDIÇÃO: 2015
CONCEITO: 3,5 estrelas
PÁGINAS: 320
Livro cedido através da parceria com a editora
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Uma proposta com potencial para entrar na lista de favoritos, mas que acabou se perdendo entre divórcios e desilusões.

Se Hua estava dizendo que havia uma epidemia, então epidemia não era uma palavra forte o suficiente. 

Aos dezoito anos anos, Arthur Leander deixou sua pequena ilha natal para trás rumo a Toronto, onde iria estudar para se tornar um grande ator. Aos cinquenta, com uma carreira consagrada, tudo que ele queria era estar perto do único filho, que se encontrava do outro lado do oceano. Depois de uma vida de altos e baixos, com três divórcios assinados, ele infarta e morre em cena. Sozinho. Essa foi a última noite antes da calamidade.
Jeevan Chaudhary já foi paparazzo, jornalista de entretenimento e finalmente descobre sua vocação no curso de paramédico. Em vários momentos de sua vida, Arthur foi o responsável pelo dinheiro que recebia: fotos, reportagens exclusivas... Ele nunca imaginou estar na plateia naquela última apresentação de Rei Lear.

Kirsten Raymonde tinha apenas oito anos no fatídico dia. Um paramédico da plateia tentou distraí-la quando os bombeiros invadiram o palco e levavam seu amigo em uma maca. Mesmo pequena, ela sabia que atuar era uma das paixões de sua vida, por isso, não deixou que a calamidade a afastasse dos palcos. Mesmo que o cenário não fosse tão glamouroso, mesmo que o figurino estivesse esfarrapado, ela iria levar um pouco de alegria aquelas pessoas sofridas. Porque apenas sobreviver não bastava.

Não havia mais internet. Não havia mais redes sociais, não havia mais buscas de significados de sonhos, esperanças nervosas, fotografias de almoços, gritos de socorro, expressões de satisfação, status de relacionamento atualizados com imagens de corações inteiros ou partidos, planos para um encontro mais tarde, apelos, queixas, desejos, [...] Não havia mais como ler e comentar sobre a vida dos outros, logo não havia mais como se sentir menos sozinho.

 A história, narrada em terceira pessoa, é como se fosse uma colcha de retalhos, que junta histórias diferentes, com persongens diferentes e em tempos diferentes. Todos os protagonistas estão ligados pela encenação de Rei Lear, enquanto os personagens segundarias são ligados, em sua maioria, a vida de Arthur, seja seu melhor amigo, sua ex-mulher ou seu filho. Não encontramos um história cronológica, e sim três tempos situados a partir da calamidade: o antes, o durante e o depois.

Por Jeevan ser um dos primeiros a receber o alerta para sair da cidade, descobrimos com ele como foi recolher suprimentos para se isolar e para assistir de camarote o mundo se apagando do lado de fora da janela. Pensei que ele seria o protagonista ao lado de Kristen, que conta a história vinte anos após o fim do mundo. É fascinante descobrir como as pessoas se adaptaram a uma era pré-histórica, longe de tudo o que conheciam, ao mesmo tempo que existem crianças que nasceram pós-calamidade e que não entendem como era possível não morrer depois de cortar um dedo.


Essa foi, sem dúvidas, a distopia mais palpável que li. O que a torna muito assustadora! Eu queria mais e ficava extremamente decepcionada quando iniciava mais um capitulo de Arthur.  Ele é um cara amargurado, que nunca deu valor as coisas que conquistou. No inicio só queria fama, depois só queria anonimato.. Sei que há uma mensagem interessante quando resumimos a vida dele, mais precisava de tanto? Demorei três vezes mais para finalizar a leitura, pois sempre dormia em seus capítulos. A única contribuição decente que deu ao livro foi Clark, seu melhor amigo.

Ele descobriu que era um homem que se arrependia de quase tudo, os arrependimentos se aglomeravam à sua volta como mariposas ao redor de um lâmpada.

Clark é o personagem mais completo e nos mostra os três momentos citados. Ele começa tímido, mas ganha espaço ao longo do livro. Foram meus momentos preferidos, depois dos apresentados por Kristen. A Sinfonia Itinerante também não poderia passar despercebida nessa resenha. Além de serem importantes para o desfecho da história, eles passam uma mensagem muito bacana sobre sobrevivência. Não posso negar minha afeição particular por esse grupo de músicos e atores. Em determinado momento, eles representaram Sonho de uma noite de Verão. Foi impossível não lembrar de quando eu representei essa mesma peça!


A intrínseca fez um trabalho impecável nesse livro. A capa tem uma textura diferente e é cheia de significados. A diagramação está simples, com folhas amareladas, boas fontes, mas achei que combinou. Fiquei decepcionada por me decepcionar com a leitura. É uma promessa da editora para esse segundo semestre, e de fato tem potencial.

Acho que não consegui captar toda a filosofia envolvida no título e na história de Arthur, espero que outros leitores consigam e assim, aproveitem melhor essa leitura.

O inferno é a ausência das pessoas de quem temos saudade.

13 comentários

  1. Sério, amiga? Eu tava achando que ia ser favorito e tal... Não desisto de querer ler, mas já não tô com tanta ânsia quanto antes. Adoro histórias paralelas que acabam se cruzando e amo distopia, então alguma coisa de bom vou aproveitar.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  2. Oláá´!

    Eu confesso que não sou muito da distopia, mas gosto de histórias que se ligam de uma certa forma, achei muito legal isso do livro, maaaaas uma pena que não tenha te agradado, acho que o problema foi mesmo o Arthur mesmo hahaha. É tão ruim quando um elemento acaba desmotivando a leitura :(

    Enfim, gostei da sua sinceridade!


    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

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  3. Oi, tudo bem?

    Nossa que chato que o livro não deu muito certo para você. Eu mesmo não sou muito fã desse tipo de livro então acho que eu também não ia captar muita coisa, mas pelo menos fica como dica para quem gosta.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

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  4. Oi, Andressa! Adorei a sinceridade. antes de qualquer coisa.
    Eu estava ansiosa pra ler esse livro, mas lendo com calma a sinopse achei que não seria o que eu esperava, justamente por essas questões mais "sentimentais". Eu queria algo mais denso na parte social mesmo rs
    Parabéns, resenha super completa.
    Beijos,
    May
    www.ensaiodemonomania.com.br

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  5. Oi Dreeh,

    É muito chato quando estamos envolvidas na leitura e em algum ponto ela nos dá sono e vencer isto para seguir no intento de finalizar o projeto da leitura, é realmente uma tarefa árdua. Que pena que você se decepcionou e a parabenizo pela sinceridade, ficando a critério de cada um a decisão de investir ou não na leitura. De minha parte me interesso pelo livro por envolver palco, música e ser uma distopia.

    Beijos
    Tânia Bueno
    www.facesdaleitura.com.br

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  6. Oi! Eu estava bem empolgada para ler o livro, até mesmo por conta do comentário do Martin na capa, mas esta é a terceira resenha que leio que não elogiou a obra, sinceramente vou tirar da minha lista de prioridades.

    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  7. Oie, tudo bom?
    Não sabia que tratava-se de um livro distópico, mas lembro desse título na turnê intrínseca. Achei interessante que a história é uma verdadeira junção de várias histórias. Parece ser uma leitura diferente.
    Beijos,
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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  8. Oi, tudo bem?
    Nunca imaginei que esse livro fosse uma distopia! Eu gosto de distopias, mas pela apresentação do livro, e tudo que você comentou, não sei se iria curtir.
    Talvez leia mais para frente
    beijos
    http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/

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  9. Dre eu gosto de histórias que se passam em tempo diferente trazendo mais personagens e novas situações, onde o leitor vai unindo as pontos e fechando cada fase.
    Como fã de distopia não posso deixar de ler mas sem grandes expectativas.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  10. Olá!
    O nome e capa desse livro chamaram minha atenção, porém a trama em si, não. Eu esperava algo totalmente diferente. Pela sua resenha, muito bem escrita, parece ser um livro bom, porém não para mim infelizmente.
    Beijos
    Nathália

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  11. Oi Dreeh,

    o livro parece incrível. A textura da capa é impecável e a premissa é muito boa. Pena que o livro não se mostrou tão bom assim. Mas de qualquer forma, fiquei curiosa para ler e espero arranjar um tempinho para dar uma atenção ao meu =D

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Estou atualmente lendo e procurei por resenhas para saber se outras pessoas tiveram a mesma impressão que eu estou tendo. A distopia em si fica perdida no meio dos capítulos que falam da vida do Arthur. Não está mais claro se a autora queria contar uma história sobre um mundo devastado ou sobre a vida amorosa do personagem. Estou ficando um pouco decepcionada... =/

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