20 março 2019

Resenha - O reino de Zália, Luly Trigo


Livro: O reino de Zália
Autor(a): Luly Trigo
Editora: Seguinte
Páginas: 436
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Por ser a segunda filha, a princesa Zália sempre esteve afastada dos conflitos da monarquia de Galdino, um arquipélago tropical. Desde pequena ela estuda em um colégio interno, onde conheceu seus três melhores amigos, e sonha em seguir sua paixão pela fotografia. Tudo muda quando Victor, o príncipe herdeiro, sofre um atentado. Zália retorna ao palácio e, antes que possa superar a perda do irmão, precisa assumir o posto de regente e dar continuidade ao governo do pai. Porém, quanto mais se aproxima do povo, mais ela começa a questionar as decisões do rei e a dar ouvidos à Resistência, um grupo que lidera revoltas por todo o país. Para complicar a situação, Zália está com o coração dividido: ela ainda nutre sentimentos por um amor do passado, mas começa a se abrir para um novo romance. Agora, comprometida com um cargo que nunca desejou, Zália terá de descobrir em quem pode confiar - e que tipo de rainha quer se tornar.


No arquipélago tropical desse mundo fictício - mas muito parecido com o nosso -, a monarquia reina desde a sua colonização, quando o primeiro Galdino chegou dominando os nativos e dando seu nome ao local. Zália nasceu muitas gerações depois e, mesmo que sua coroa de princesa nunca lhe permita ser uma simples cidadã, ela cresceu com certa normalidade. No internato em que estudou a vida toda, todos evitavam mencionar sua posição, as aulas de história eram dadas como se não fosse a sua família e, entre alguns interesseiros, Zália conseguiu encontrar amigos verdadeiros.

Sendo a segunda filha do rei, ela pode sonhar em viajar o mundo, se dedicar a fotografia, em ser Zália. Mas seus sonhos precisam ser esquecidos quando um atentado brutal põem fim a vida de seu irmão. Como rei está muito doente e debilitado, um regente é necessário. Seu pai da a entender que ela tem opção, que não precisar iniciar seu governo antes de se tornar rainha. Ela não se vê com tantas opções assim. Já que nunca foi criada para assumir a coroa, é melhor que comece enquanto ainda tem alguém de confiança que possa lhe ensinar.

Me sinto egoísta por me preocupar com meu futuro quando deveria estar lamentando a morte do meu irmão. Mas os dois fatos estão tão entrelaçados que é impossível fugir. A morte de Victor é minha sentença.

Se bem que, confiança se torna algo muito frágil quando dinheiro e poder estão em jogo. Isso pode despertar o melhor é o pior das pessoas. E Zália vai precisar de toda a sua intuição para identificar cada um.

O reino de Zália foi meu primeiro contato real com a Luly Trigo. Anos atrás eu li um conto seu, mas a experiência com um livro é sempre diferente. Sua narrativa é agradável, envolve o leitor na trama que está sendo construída e as mais de quatrocentas páginas nem são sentidas. Vocês sabem que romance juvenil sempre ganha meu coração e aqui temos dois possíveis romances: um fofo com o amor de infância e outro que me deixou com uma pulga atrás da orelha. Os odiadores de triângulos amorosos podem respirar aliviados, pois não chegamos a tanto.

Como uma boa distopia, precisamos de muitas explicações sobre a estrutura da sociedade e nesse ponto foi inevitável identificar referências ao nosso Brasil. Não somos o único país a lidar com revoltas populares e corrupção institucionalizada, mas sendo o livro uma crítica a tudo que há de ruim na política, tinha que rolar essa identificação. Por outro lado, a história nos faz querer acreditar em um futuro melhor, mas justo para todos.

Entre vários elogios, tenho apenas uma crítica: a ingenuidade da protagonista. Zália é das minhas. Seus sentimentos são cheio de intensidade e, quando decide confiar em uma pessoa, faz isso quase cegamente. Só que lhe faltou instinto! Quando sua intuição diz que algo está errado, de ouvidos a si mesma. Se bem que no caso dela foi mais do que isso... Coisas erradas saltavam aos seus olhos, mas eram simplesmente ignorados. Ela me encheu de orgulho em vários momentos e me fez passar raiva em outros. Acontece, né?

Garantia dos direitos humanos, condições mínimas para todos, uma saúde pública mais eficaz, escolas públicas de qualidade, asilos e presídios melhores. Você sabe o que estão pedindo nos protestos. É exatamente o que a resistência quer.

A Editora Seguinte arrasou muito na edição do livro. A reflete bem nossa protagonista e a diagramação está uma fofura. Os inícios de capítulos são enfeitados, temos troca de mensagens e um espaçamento bem confortável a leitura.

Uma história com belos cenários, que fala sobre família, amizade, responsabilidade e, acima de tudo, esperança. O reino de Zália é repleto de clichês, mas não tem como não conquistar o seu público alvo. Um young adult com conteúdo relevante para os jovens de hoje, ideal para dar presente.

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