20 maio 2015

Resenha - A Cidade Murada, Ryan Graudin

A Cidade Murada é um terreno com ruas estreitas e sujas, onde vivem traficantes, assassinos e prostitutas. É também onde mora Dai, um garoto com um passado que o assombra. Para alcançar sua liberdade, ele terá de se envolver com a principal gangue e formar uma dupla com alguém que consiga fazer entregas de drogas muito rápido. Alguém como Jin, uma garota ágil e esperta que finge ser um menino para permanecer em segurança e procurar sua irmã. Mei Yee está mais perto do que ela imagina: presa num bordel, sonhando em fugir… até que Dai cruza seu caminho. Inspirado num lugar que existiu, este romance cheio de adrenalina acompanha três jovens unidos pelo destino numa tentativa desesperada de escapar desse labirinto.

SÉRIE: Volume Único
AUTOR: Ryan Graudin
EDITORA: Seguinte
EDIÇÃO: 2015
CONCEITO: 4 estrelas
PÁGINAS: 400
ADQUIRA: Saraiva | Buscapé
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Hak Nam guarda dentro de seus muros o que há de pior no mundo: fome, vício, covardia. Apesar do medo sempre presente, eles não conseguem matar a esperança que existe dentro de Dai, Jin Ling e Mei Yee. Três jovens que entrelaçam suas vidas na busca pela sobrevivência.

Fome se aproveitando de fome.

O crescimento populacional desordenado permitiu que uma grande favela vertical fosse erguida, num local que outrora foi um forte de guerra. Foram erguidas casas em cima de casas, até formar uma parede tão grande que nem a luz do sol consegue atravessar. Qualquer pessoa com o mínimo de consciência se mantém longe desses muros, mas nem sempre a vida deixa escolhas.

Faz dois anos que Mei Yee foi arrancada de dentro de casa e levada para trabalhar no bordel do principal traficante da cidade. Esse ato de crueldade mudou também a vida de sua irmã mais nova. Jin Ling não aguentaria um dia sequer dentro daquela casa, não sabendo o que permitiram acontecer com sua irmã. Por reflexo, ela pegou sua bicicleta e seguiu os raptores até onde pode: os portões da Cidade Murada. Apesar da cidade ser pequena, haviam muitos bordeis pelos quais percorrer... Mas não importa, ela seria forte e procuraria pela irmã todos os dias de sua vida.

Dai aproveitou o que a vida poderia lhe proporcionar de melhor. Até fazer as escolhas erradas e tudo ao seu redor desmoronou, transformando-se em no cara amargurado que se esconde dentro dos muros de Hak Nam. Lhe deram uma chance de retomar sua vida de onde havia parado, como se isso fosse possível... É perigoso, mas qualquer coisa é melhor do que continuar vivendo naquele inferno de lugar. De qualquer forma, seu tempo está acabando.. só restam dezoito dias.

Então o que é minha liberdade? Minha fuga? O que vai me curar?

Não sei onde surgiu essa ideia, mas esperava encontrar uma distopia. Imaginem minha surpresa ao encontrar doses gigantescas de realidade. O livro é contado de forma regressiva até que os dezoito dias se esgotem, sendo a narração intercalada, feita em primeira pessoa pelos três protagonistas. Com uma escrita fluida, Ryan Graudian desperta a curiosidade do leitor e o prende desde a primeira página. Apesar do ritmo acelerado e da riqueza de detalhes, acho que faltou um grande climax! A história foi linear demais, e terminei a leitura com aquela sensação de que faltou alguma coisa.

Apesar de fictícia, a inspiração para descrever Hank Nam foi real. Hong Kong teve uma Cidade Murada chamada Kowloon, um lugar com 0,3 km² que abrigava 33 mil antes de ser destruída. O processo de desocupação começou no fim da década de 80 e durou pouco mais de cinco anos. No lugar foi construído o Kowloon Park, onde se pode encontrar restos do portão sul e uma maquete do que um dia foi a Cidade Murada.

É impossível não ver a Cidade Murada. Os apartamentos se empilham feito tijolos toscos. Todos cobertos por grades. Jaulas em cima de jaulas.

No fim do livro há uma nota da autora que até me emocionou um pouco. Nela a autora demonstra que fez a lição e casa e pesquisou bastante sobre os costumes e tradições chinesas, é uma pena que tão pouco tenha aparecido ao longo da história. A ambientação se faz presente pelos nomes tanto dos lugares, quanto dos personagens e pela constante citação de comidas tipicamente orientais, mas não foi o suficiente! Não consegui imaginar os protagonistas como deveria... eu queria mais China! Acabei ficando com a impressão de que a história poderia estar se passando em qualquer lugar, inclusive numa favela carioca.

Ainda não recebi o livro finalizado, mas pela prova consegui ter uma ótima ideia do trabalho gráfico. As margens são bem grandes e os primeiros capítulos são espaçados. Então não há motivo para se assustar com as 400 páginas da obra. E a capa... é linda e encantadora. Ela demonstra o que seria visto caso olhássemos através das paredes dessa cidade. É o dia a dia das pessoas que vivem empilhadas, em cômodos minúsculos e bagunçados. Não sou muito ligada nisso, mas assim que souber quem são os responsáveis pelo desenho e pela capa de uma forma geral conto para vocês. Eles merecem aplausos por sua percepção dos detalhes, que está incrível!

Talvez não fossem os blocos de cimento e o lixo que Sing adorava. Talvez fosse a possibilidade, o conhecimento de que o universo não é feito só de fumaça de ópio, e homens suados e rabugentos. Existe sim um mundo lá fora [...]. Um lugar onde chove e meninos bonitos sujam as mãos. Um lugar onde o mar se estende até o céu.

O livro é uma grande critica social às favelas de todo mundo, abordando assuntos como tráfico de pessoas e prostituição. Só que ele vai além pois fala sobre o amor e sobre como todos merecem uma chance de ser feliz.

14 comentários

  1. Ola! Tudo bem?
    Tenho vontade de ler esse livro. Parece un livro interesante.
    Gostei muito da sua resenha.
    Boas leituras! :-)
    http://abracalibro.blogspot.com.es

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  2. Olá!!

    Eu não tenho costume de ler livros nessa temática, mas gostei muito de ver que o livro no fundo é uma grande critica. Acho isso muito legal porque nos faz pensar e ver com outros olhos nosso mundo, nossas atitudes.

    Espero que você receba a versão final e que a diagramação seja ótima como essa :)


    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

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  3. Ola Andressa essa realidade mostrada no livro deve ser triste hein, e sobre o depoimento da autora fiquei bem curiosa. Livros que nos fazem refletir sempre acrescentam algo e merecem ser lidos . Já vou colocar em minha lista . beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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  4. Olá Andressa!
    Que história interessante.
    Eu adorei a sua resenha e fiquei muito interessada em saber como a história se desenvolve. Será que Jin Ling consegue achar a sua irmã?
    Vou anotar a dica e ler em breve.
    Beijinhos!
    http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/

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  5. Oi Andressa só tenho lido elogios sobre essa história e estou cada vez com mais vontade de ler, porém percebi que apesar das pessoas gostarem muito da narrativa todas salientam algum problema que encontrou, e acredito que isso torna o livro ainda melhor, pois nada é totalmente perfeito. Adorei sua resenha!

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  6. Oi Dre,

    eu achei o livro bem interessante e o tema pertinente. Foi uma daquelas leituras que eu não consegui desgrudar de jeito nenhum. Adoro os livros da Seguinte, são sempre surpreendentemente bons. Como você falou, o livro trás uma forte critica social.

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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  7. Oi Andressa, sua linda, tudo bem?
    Essa é a terceira resenha que leio sobre esse livro. Ele já tinha me causado impacto na resenha da Kel. O depoimento da autora no final do livro me deixou impressionada. Parece que isso é real, e ela nem precisava dizer, nós sabemos que isso acontece no mundo inteiro. A realidade feia do mundo, que não gostamos de ouvir, pois no fim, temos medo que que chegue perto da gente. Não vejo a hora de ler esse livro, acho que é daqueles que deixam marcas profundas.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  8. Oi flor, tudo bem??
    Bom foi a primeira resenha que encontrei um pouco mais de ressalvas, fiquei um pouco receosa com a questão de distopia, porque desde que começaram a falar do livro por ai nos blogs, fiquei bem interessada na leitura dele... porém... pelo que percebi falta alguns traços da hina propriamente dita, mas ainda assim pretendo ler, mas não com aquela urgência de antes.. xero!

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  9. Desde que ouvi falar nesse livro em outros blogs fiquei interessado, só ouvi elogios. Achei interessante a ideia do autor, de usar uma distopia para fazer críticas à sociedade atual.

    Abraço.

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  10. Oi :)
    Eu tenho lido muitas resenhas desse livro ultimamente e tenho visto diversas opiniões sabe, mas apesar da boa opinião e todas as coisas positivas a respeito ainda sim eu não pretendo ler.
    Gosto do fato de ser distopia,, mas ainda sim o cenário não é mt meu estilo sabe. Por isso que eu não leria, mas quem sabe um dia.
    Seguindo o Coelho Branco

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  11. Oi, Dreeh!
    Adoro leituras realistas e densas. Um verdadeiro soco no estômago. Concordo com você, a capa é muito bonita. E claro, já está na minha lista de futuras leituras.
    Abraços

    www.estantejovem.com.br

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  12. É a segunda resenha que vejo que comenta sobre os fatores críticos da leitura, além de a escritora ter feito a lição de casa. E isso só me da mais vontade de ler o livro! Enfim, acabei de colocar na minha lista de desejados, aprece uma leitura interessante e intensa, totalmente algo que eu gosto! =D

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  13. Que bom que vc gostou, amiga! Acho que eu também gostaria, principalmente pelo fato de ser baseado em um local real, mas fiquei meio chateada por não ter tanta China quanto deveria.
    Beijinhos!
    Giulia - www.prazermechamolivro.com

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  14. Oi, Andressa!
    Já vi várias resenhas sobre o livro do Ryan e é uma obra que quero comprar há um tempo. Gostei muito da capa e do título, e ficou ainda melhor saber que se inspira em um lugar que realmente existe (ai que vontade de visitar!). A sua resenha me deixou ainda mais ansiosa, aliás, e agora mal posso esperar para que lancem o livro completo.
    Com carinho,
    Celly.

    Me Livrando || Livre-se você também!

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