20 março 2018

Resenha - Mentiras Como o Amor, Louisa Reid


Livro: Mentiras Como o Amor
Autor(a): Louisa Reid
Editora: Novo Conceito
Páginas: 473
Adquira: Submarino | Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Audrey sabe que sua mãe está certa quando tenta salvá-la de si mesma. Ela sabe que tem sido injusta, por isso precisa, por seu irmão mais novo e por sua mãe, seguir em frente. Audrey tenta manter todos felizes. Juntos, eles estão em busca de dias melhores. A mãe de Audrey, à sua maneira, tenta ajudar a filha a controlar a doença para que ela possa encontrar um recomeço seguro. Então Audrey conhece Leo, mas ele torna a vida dela realmente complicada, pois essa amizade faz com que ela deseje ousar ser ela mesma, enfrentar a vida. Agora, Audrey precisará decidir: cuidar de sua família especialmente de seu irmão ou continuar sonhando com a vida que tanto deseja? Mentiras Como o Amor é deslumbrante e de partir o coração. É o novo romance de Louisa Reid, a autora aclamada de Corações Feridos.


Após um incêndio na antiga casa onde morava, Audrey e sua família mudam-se para a Granja, uma antiga propriedade no campo afastada de tudo e de todos. Audrey não está feliz com a mudança, mas sua mãe diz que eles precisam recomeçar. E talvez essa mudança ajude com sua saúde mental, que é bastante debilitada.

Audrey é uma adolescente que enfrenta problemas com depressão e automutilação, sua mãe é enfermeira e se dedica a cuidar das fases difíceis da filha, que parecem cada vez mais constante. Mesmo com suas dificuldades e limitações, percebemos o quão Audrey é uma garota amorosa e carinhosa com Peter, seu irmão caçula, fazendo o possível para mantê-lo feliz e a salvo de tudo o que se passa ao seu redor.

Desci as escadas e enfileirei meus comprimidos no balcão. Um para que eu não me sentisse deprimida. Um para que eu parasse de sentir enjoo. Um para que eu dormisse o dia inteiro. Um para me impedir de abrir cortes nos braços, pernas e coxas. Havia comprimidos para tudo. Para tudo, exceto um comprimido para que eu pudesse ser livre.

Léo é um adolescente excepcionalmente inteligente, e desde a infância foi incentivado pelos pais a sempre fazer mais e melhor, o que nem sempre foi possível. Sem conseguir corresponder às expectativas do pais que o pressionavam cada vez mais ao longo dos anos, Léo teve um colapso nervoso, e para contornar esse episódio traumático, o adolescente foi enviado para morar um tempo com a tia no campo e dessa forma aliviar a pressão que o cercava.

A vida com a tia não poderia estar melhor e mais tranquila, mas a mudança da nova família chama a atenção de Léo, que logo se vê curioso com a chegada de uma adolescente de sua idade. Seu primeiro encontro com Audrey não é o que se pode chamar de normal e agradável, no entanto quando Léo descobre que Audrey será sua nova colega de escola, uma amizade e um novo interesse começa a surgir entre eles.

Leo segurou a mão de Audrey, não ouviu quando ela disse “pare”, mas percebeu seu riso como o canto de um pássaro no coração e a puxou pela trilha; ele jurou que, naquele exato momento, eles poderiam sair voando.

Quando a Editora Novo Conceito anunciou o lançamento de Mentiras como o Amor, logo me vi fascinada pela proposta do livro e intrigada com o título do mesmo, que parecia remeter a algo tão profundo e sombrio. Contudo a medida que fui adentrando o mundo de Audrey e descobrindo mais acerca de suas alucinações e da “Coisa” que a machucava, colocando em risco sua sanidade, me vi despreparada para as revelações que viriam a seguir.

Aquilo continuou por mais uns vinte minutos. Minha mãe falando coisas a meu respeito. Eu sem falar nada. O terapeuta tentando fazer com que eu me abrisse, como ele mesmo disse. Mas não havia razão para dizer a verdade a ele. Eu não era tímida, nem maldosa, nem insana. Não era nenhuma dessas coisas.

A mãe de Audrey poderia ser citada como uma das piores mães que já vi na literatura, pois ao mesmo tempo em que ela se mostrava preocupada e protetora com a filha, por outras vezes nos deparavamos com a faceta de uma mãe rancorosa, invejosa, que jogava na cara o tempo que dedica aos filhos e que não perdia a oportunidade de humilhar e diminuir a filha adolescente.

— Eu sei no que você está pensando, Aud, e estou lhe avisando, eu não me enganaria desse jeito se fosse você. Não estou tentando fazer piada, mas tenha certeza de que nenhum rapaz vai querer tocar em você. Pode acreditar no que eu digo. Afastei os cabelos do rosto e tentei sorrir quando Peter olhou para mim, com o rosto todo preocupado. Meu irmão puxou minha manga e eu agachei para ouvir o que ele queria me dizer. — Eu acho que você é bonita, Aud — disse ele, e eu lhe dei um beijo no alto da cabeça. — Olhe o estado em que você está — continuou minha mãe. — Ele vai sentir pena de você, e isso vai ser tudo. E você não precisa que sintam isso por você.

O envolvimento entre Léo e Audrey foi gradativo e trouxe para a história a leveza e a pureza do primeiro amor. Sabe aquele tipo de casal fofo que torcemos para que fiquem juntos até o final? Esses são eles! Léo entende as limitações de Audrey, respeita seu espaço e tenta ser o melhor para ela. Mas Lorraine não aceita esse relacionamento, e julga a filha incapaz de ter uma vida normal, o que só serve para aumentar a insegurança de Audrey cada vez mais.

Quando o quadro de Audrey se agrava e seu relacionamento com a mãe se torna insustentável, mais chegamos perto de compreender o que se passa com essa família e com a cabeça e coração da jovem.

Mentiras como o amor foi uma leitura profunda, intensa e impactante que me chocou à medida que os fatos foram sendo entregues ao longo da história, tão cruéis e perfeitamente reais. Juro que não estava preparada para aquelas revelações e à medida que tudo foi ficando óbvio, meu coração se apertava e meu único desejo era apenas negar que algo do tipo pudesse realmente estar acontecendo.

Terminei o livro refletindo sobre tudo o que li e com a certeza de que a autora ganhou espaço na minha lista de autores admirados. Leitura indicada.

2 comentários

  1. Não conhecia o livro,mas já quero conhecer e ler, claro!
    Se não bastasse a capa que achei linda demais, vem a sinopse já dando o ar de "você vai querer ler."
    Mas aí, vem a resenha e é possível sentir a dor da personagem em cada letra que você escreveu e já sentir aquela pontinha de raiva da mãe da personagem. Como é possível um amor machucar?
    Todos temos nossos próprios dramas, dificuldades, tristezas..mas cada um lida com isso de uma maneira diferente.
    Uma mãe só quer a felicidade dos filhos, como poder querer arrancar isso da própria filha?
    O livro já está indo para a lista de desejados e espero muito poder ler em breve!
    Beijo

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