05 maio 2018

Resenha - A Forma da Água, Guilherme Del Toro, Daniel Kraus


Livro: A Forma da Água
Autor(a): Guilherme Del Toro, Daniel Kraus
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora


Richard Strickland é um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor — o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser. Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade. Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto para um o homem-peixe é só objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado, para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada. Mistura bem dosada de conto de fadas, terror e suspense, A Forma da água traz o estilo inconfundível e marcante de Guillermo del Toro, numa narrativa que se expande nas brilhantes ilustrações de James Jean e no filme homônimo, vencedor do Leão de Ouro em 2017. Uma história cinematográfica e atemporal sobre um homem e seus traumas, uma mulher e sua solidão, e o deus que muda para sempre essas duas vidas.

Richard Strickland é um oficial do governo americano com uma missão importante: Adentrar a Amazônia e capturar uma criatura denominada deus Brânquia para fins de estudos em um centro de pesquisa militar nos Estados Unidos. Durante suas tentativas de aprisionar o homem peixe e alavancar sua carreira, Strickland se transforma em seu pior pesadelo - um rei da selva, capaz de tudo para cumprir sua missão, capaz de se perder.

Elisa Esposito cresceu em orfanatos, sem saber sua origem e sem entender as estranhas marcas em seu pescoço, marcas essas que colaboraram para piadas e apelidos durante sua infância. Pobre e muda, a menina que virou mulher nunca foi completamente compreendida no decorrer de sua vida, seja por sua dificuldade em comunicar-se com pessoas, seja para assimilarem sua concepção de mundo e beleza.

Durante seu turno como servente no centro de pesquisa, Elisa se depara com uma criatura excepcional, um homem-peixe, um ser capaz de enxergar sua alma e entende-la além do que as palavras possam dizer e além do que as aparências possam mostrar.

Ela o abraça, ele a abraça, os dois se abraçam, e tudo é escuridão, tudo é luz, tudo é feio, tudo é lindo, tudo é dor, tudo é pesar, tudo é nunca, tudo é eterno.

Contudo o deus Brânquia é um recurso para o centro de pesquisa, um “objeto” que será eliminado após o uso, e para evitar o extermínio do único ser capaz de enxerga-la além de suas restrições, a faxineira traça um plano, libertar a criatura de sua prisão e das torturas que sofre diariamente em nome da ciência. Para isso ela contará com a ajuda de seus fieis amigos, Zelda, a única faxineira que se importou em aprender a língua de sinais para conversar com Elisa e Giles, o simpático pintor homossexual que procura reconhecimento em um mercado de trabalho que debocha de sua orientação sexual e de sua arte obsoleta.

Narrado em terceira pessoa e usando como pano de fundo o cenário dos anos 60, A Forma da Água aborda assuntos importantes tanto para época retratada, como para a época atual, sendo eles o preconceito com negros, homossexuais e a submissão de mulheres que já lutavam como podiam para serem inseridas no mercado de trabalho.

Outro ponto importante na leitura é a maldade mascarada de ciência que envolve os estudos com o deus brânquia, situações que nos fazem questionar quem era o verdadeiro monstro na história - o ser humano ou o ser da selva? Seria necessário tamanha violência em prol da evolução cientifica? Essa é uma pergunta complicada, pois nos dias atuais ainda nos deparamos com situações semelhantes em laboratórios que utilizam a vida animal como recurso de evoluções para humanos.

Concluindo, A Forma da Água não foi uma leitura fácil de concluir, seja pela densidade dos assuntos abordados, pela abundância de sentimos contidos na história ou até mesmo pela quantidade de vozes ativas durante todo o enredo, cada uma com sua dor e seus dilemas, que de uma forma emocionante nos fazem sentir na pele seus anseios e vislumbrar seus sonhos mais íntimos.

A obra foi adaptada para o cinema e seguiu quase que fielmente o livro, mas antes de assisti-la, sugiro que leiam o livro primeiramente.

Um comentário

  1. Já vi o filme três vezes ..rs e não vejo a hora de achar um tempinho para rever. Foi sem sombra de dúvidas, um dos grandes filmes já lançados. Amo o trabalho do Del Toro!
    Ainda não pude ler o livro,mas ele está na listinha de desejados e mesmo com tantas diferenças, espero poder conferir ele em breve.
    Não deve ser uma história fácil, aliás, até o filme tem esse ar denso.
    Beijo

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