24 janeiro 2018

Resenha - Vejo Você No Espaço, Jack Cheng


Livro: Vejo Você No Espaço
Autor(a): Jack Cheng
Editora: Intrínseca
Páginas: 288
Adquira: Submarino | Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Alex tem onze anos e adora o espaço sideral, foguetes, sua família e seu cachorro, Carl Sagan - uma homenagem a seu maior herói, o astrônomo autor de Cosmos e Pálido ponto azul. A missão de vida de Alex é enviar seu iPod dourado para o espaço, do mesmo jeito que Sagan (o cientista, não o cachorro) enviou os Discos de Ouro nas sondas Voyager, em 1977, com sons e imagens da Terra, a fim de mostrar aos extraterrestres como é a vida no nosso planeta. Por isso, Alex constrói um foguete. E por isso ele viaja do Colorado ao Novo México, de Las Vegas a Los Angeles, gravando tudo o que acontece pelo caminho. Ele encontra pessoas incríveis, gentis e interessantes, desencava segredos e descobre que, mesmo para um menino com uma mãe complicada e um irmão ausente, família pode significar algo bem maior do que se imagina. Um livro tocante e delicioso sobre aprendermos a discernir realidade e aparências, Vejo Você No Espaço é uma lição de que família também se constrói e de que, com honestidade, força e amor, nos tornamos tão grandes quanto o próprio universo.


Alex Petroski tem onze anos e mora em Rockview, Colorado com a mãe. Ele é apaixonado por astronomia e pelo espaço, e essa paixão tão grande rendeu ao seu cãozinho o nome de Carl Sagan, uma homenagem a um famoso astrônomo que é herói do garoto.

Carl Sagan enviou para o espaço 2 discos de ouro em 1977, nesses discos haviam sido gravados sons do planeta Terra, o objetivo do astrônomo era que se algum extraterrestre os encontrassem, pudessem ter algum conhecimento sobre como é o nosso planeta.

Com essa informação e muita curiosidade, Alex acredita que caso essas criaturas encontrem tais discos, eles precisarão de um toca discos para ouvi-los, por isso ele grava todas as informações dos discos em seu ipod de ouro. Sua ideia é construir um foguete e enviar seu ipod para os extraterrestres no espaço, e para aproveitar que o aparelho tem espaço de sobra, ele decide também gravar mensagem do seu dia a dia e curiosidades da Terra para esses seres, afinal quanto mais informações eles obtiverem sobre nós, melhor não é mesmo?

Nessas suas gravações, Alex também decide fazer algumas perguntas aos extraterrestes, como por exemplo suas características, sentimentos, onde moram e o que comem.

[...] VOCÊS sentem tristeza? Vai ver vocês conseguiram descobrir uma forma de se livrar da tristeza, ou, em vez de tristeza, sentem outra coisa...

Porém o mais interessante nesse livro é a vida que Alex leva. Ele mora sozinho com a mãe, seu pai morreu quando ainda tinha 3 anos de idade e o irmão mais velho mora em outra cidade, quase não visita a família, mas garante o pagamento das contas mensais da casa.

A mãe de Alex está longe do estereótipo de mãe tradicional, ela não cuida do filho e vive dias descritos pelo menino como “Dias quietos”, onde ela sai para caminhar sem destino certo ou fica trancada por dias no quarto. Por esse motivo, Alex assumiu a responsabilidade de cuidar da mãe, cozinhar, limpar a casa e se cuidar, já que não existe um adulto naquela casa que possa permiti-lo viver o papel de criança. Como se não bastasse, ela ainda faz um bico em um posto de gasolina da cidade para ganhar algum trocado e comprar tudo o que precisa para a construção de seu foguete.

Quando surge a oportunidade perfeita de enviar seu foguete para o espaço em um festival no Novo México, Alex começa a se programar e guardar seu dinheiro para comparecer ao evento, mas antes de ficar dias fora de casa, ele deixa várias marmitas congeladas para sua mãe para que ela possa se alimentar enquanto ele estiver fora. É ou não é de partir o coração?

Ela disse Você está me atrapalhando!, então eu saí da frente da TV. A mãe do Benji, meu melhor amigo, ia pirar se ele levasse um filhote para casa, mas a minha mãe não liga, desde que eu faça o jantar e não a incomode enquanto ela assiste à TV. Ela é muito legal.

Alex então parte sozinho em uma viagem do Colorado para o Novo México. É claro que ele terá barreiras no caminho por conta de sua pouca idade, mas com a ajuda de amigos que ele encontrará nessa jornada, logo embarcaremos nessa viagem com esse pequeno menino tão independente e ao mesmo tempo tão inocente.

Por ser extremamente comunicativo e talvez por possuir uma grande necessidade de atenção, Alex conta para todos que encontra, sua história de vida, o que logo causa estranhamento nas pessoas, pois qual mãe em sã consciência permitiria que um filho dessa idade viajasse sozinho por aí? Mas Alex acha a mãe sensacional por não impedir que ele faça o que bem entender, desde que a comida esteja pronta na hora certa e a casa organizada. Mas seria esse o tipo de mãe que toda criança deveria ter? Até onde tanta liberdade deveria ser dada a uma criança e o quanto sua família presta atenção nele e em suas necessidades?

Em sua viagem, Alex encontrará bem mais do que procura e desvendará segredos sobre sua família que ele jamais imaginou que pudesse existir. E por conta desses segredos, sua aventura se expandirá também para Las Vegas e Los Angeles, será uma viagem e tanto.

Quanto mais conhecemos Alex e quanto mais enxergamos o mundo através de seus olhos e de suas gravações, mais sentimos o desejo de cuidar dessa criança e de conduzi-lo pelo caminho correto, é impossível não nos apaixonarmos por ele e nos emocionarmos com sua história, eu fiquei completamente encantada.

Outro ponto alto da história é a narrativa fluída e leve do autor e sua capacidade de expressar bem os pensamentos do menino como uma criança de sua idade, que embora tenha amadurecido cedo em alguns aspectos, ainda necessita de zelo e orientação de sua família.

Quanto mais penso na palavra “pai”, menos entendo o que ela significa... Por que será? O mesmo acontece com palavras como amor, verdade e força, e quanto mais eu repito e penso nessas palavras, menos sentido elas fazem. Amor. Verdade. Força. Força. Verdade. Amor. Tipo, sei que essas três coisas existem, sei que estão por aí, mas, quanto mais penso nelas, mais sinto que se referem a um montão de outras coisas, tudo junto, ou que essas três coisas se referem a uma única coisa, mas... o que seria isso? Vocês sabem? Vocês têm uma palavra para isso?

A edição física está um show à parte, como sempre a Editora Intrínseca elaborou uma capa encantadora que combinou perfeitamente com a proposta da obra. As folhas são amareladas, as letras possuem um bom tamanho para leitura e não me lembro de ter encontrado qualquer erro de revisão.

Terminei o livro feliz por conhecer Alex e por acompanhar sua surpreendente trajetória e sua força para lidar com os problemas que pareciam tão grandes para alguém tão “pequeno”. Me apaixonei pelo personagem e por sua inocência em cada página e torci para que sua vida finalmente entrasse nos eixos, tal como ele merecia.

Em suma, Vejo você no espaço é um livro sensível, tocante e bem construído, explorando pelos olhos de uma criança a beleza da amizade, honestidade e a importância da família como base para o crescimento.

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Valendo um exemplar de Lady Whistledown Contra-Ataca.

6 comentários

  1. Como não conhecia o livro, estou aqui encantada com o enredo. Aliás, histórias com crianças sempre mexem com a maioria dos leitores e traz também uma infinidade de sentimentos. Desde o querer acolher a criança, até o sentir raiva da mãe(pais) ou mesmo da vida, que por vezes demais, é injusta!
    Vai para a lista de desejados, pois quero muito saber e sentir tudo!

    Beijo

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  2. Eu não conhecia este livro, mas achei a capa dele muito bonita. A história parece ser muito boa, e que meche com os sentimentos do leitor, pois a mãe de Alex não cuida do filho, e ele teve que assumir a responsabilidade de cuidar da mãe, fiquei curiosa para acompanhar a trajetória de Alex, então adicionei Vejo Você No Espaço em minha lista de leituras.

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  3. Gláucia!
    A primeira coisa que chamou minha atenção é o enredo inteligente, acentuado pela paixão de Alex por astronomia e seu plano para mandar mensagens para o espaço.
    E um livro que aparentemente poderia ser um plot de ficção, acaba mostrando que é um drama familiar, com segredos a serem desvendados e uma viagem inimaginável para uma criança tão jovem fazer sozinha, trazendo a aventura e as descenturas pelo caminho.
    Interessantíssimo!!
    Desejo um ótimo domingo!
    “Que o novo ano que se inicia seja repleto de felicidades e conquistas. Feliz ano novo!” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  4. Esse livro foi o livro mais sensível e delicado que ali desde que terminei a minha leitura de extraordinário esse título me lembrou o filme o espaço entre nós apesar de terem histórias completamente diferente e no começo achei que você não fosse CD Diante quando ficava muito no protagonista e pensamentos aleatórios mas dos desenvolver da história e quando começou aparecer novos personagens foi muito emocionante e eu não consegui segurar o meu coração de manteiga derretida

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  5. Oi Gláucia!
    Que enredo... Acompanhar um garoto nessa idade e com tantas ideias enormes é incrível, mas fiquei bem chateado pela mãe não dar atenção a ele, mesmo sendo um menino tão inteligente. É uma mistura de gêneros para mim, pois envolve além das descobertas dele é a viagem, todo um drama na família, uma história muito bem pensada. A intrínseca tem o dom de arrasar nas edições, também me encantei.
    Beijos

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  6. Oi, Glaucia.

    Acho que com o intuito dessa missão dele (em querer provar para outros seres a existência de vida no planeta Terra), no caminho, o Alex acabou obtendo conhecimento de outras coisas, além do planejado.

    E que antes de tudo, não deixou sua complicada mãe barrar o seu desejo.

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