04 dezembro 2017

Resenha - Sempre Vivemos no Castelo, Shirley Jackson


Livro: Sempre Vivemos no Castelo
Autor(a): Shirley Jackson
Editora: Suma de Letras
Páginas: 200
Adquira: Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora
Merricat Blackwood vive com a irmã Constance e o tio Julian. Há algum tempo existiam sete membros na família Blackwood, até que uma dose fatal de arsênico colocada no pote de açúcar matou quase todos. Acusada e posteriormente inocentada pelas mortes, Constance volta para a casa da família, onde Merricat a protege da hostilidade dos habitantes da cidade. Os três vivem isolados e felizes, até que o primo Charles resolve fazer uma visita que quebra o frágil equilíbrio encontrado pelas irmãs Blakcwood. Merricat é a única que pressente o iminente perigo desse distúrbio, e fará o que for necessário para proteger Constance. Sempre vivemos no castelo leva o leitor a um labirinto sombrio de medo e suspense, um livro perturbador e perverso, onde o isolamento e a neurose são trabalhados com maestria por Shirley Jackson.


Sempre Vivemos no Castelo de Shirley Jackson narra a história dos Blackwood, especificamente a história das irmãs Marricat e Constance, e seu adoentado Tio Julian. Três dos integrantes que restaram dessa família após o fatídico dia em que durante uma refeição, grande parte dos Blackwood foram envenenados.

Mary Katherine “Marricat” é a narradora dessa trama, e entender sua adoração pela irmã mais velha, suas superstições e seus pensamentos macabros pode ser um verdadeiro desafio para o leitor, já que dependemos de sua versão dos fatos para compreender o que ocorreu na casa dessa família.

Meu nome é Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e moro com a minha irmã Constance. Volta e meia penso que se tivesse sorte teria nascido lobisomem, porque os dois dedos médios das minhas mãos são do mesmo tamanho, mas tenho medo de me contentar com o que tenho. Não gosto de tomar banho, nem de cachorros nem de barulho. Gosto da minha irmã Constance, e de Richard Plantagenet, e de Amanita phalloides, o cogumelo chapéu-da-morte. Todo o resto da minha família morreu.

Costance é a irmã mais velha e foi a responsável por preparar a última refeição que matou sua família, por esse motivo a culpa caiu sobre a moça, mas sem provas ela logo foi inocentada, retornando para a mansão Blackwood. Se isolando do mundo e dependendo da irmã mais nova para ir até o vilarejo buscar o necessário para o sustento e manutenção da casa, Constance vive de cuidar da casa, cozinhar e ajudar Tio Julian, que embora tenha sobrevivido a tragédia, possui uma saúde e mente debilitadas, são poucas as vezes que podemos desfrutar de sua lucidez, já que em sua cabeça, ele sempre retorna a noite do jantar.

Cada um desses personagens é muito bem construído e caracterizado, mas sem dúvida Marricat é quem deixa o leitor mais intrigado devido a seu comportamento bizarro, que para uma moça de 18 anos, foge da realidade, algumas vezes soando extremamente infantil e em outros momentos tornando-se dona de pensamentos macabros e maquiavélicos.

Marricat, disse Connie, você não quer uma xícara de chá? Ah não, disse Marricat, você vai me envenenar. Marricat, disse Connie, você não quer dormir? Lá no cemitério, com a terra a te engolir?

Com seus segredos bem guardados e suas superstições para afastar o mal, as irmãs vivem isoladas do vilarejo que claramente as julgam e as querem longe. Em cada ida de Marricat até a única mercearia que aceita recebe-la para a compra de alimentos é possível sentir o ódio do povo contra elas e maldade que habita a mente humana.

Mas quando Charlie, um primo distante resolve visita-las e começa a conquistar a confiança e amizade de Constance, alterando a rotina da família, algo começa a mudar e muito da história e dos segredos começam a ser desvendados. Mas não imaginem um desfecho simples, compreender essa história é atordoante, então estejam preparados para o grande final que poderá surpreender.

Com sua escrita sombria, mórbida e cheia de terror psicológico, Shirley Jackson traça de forma genial a complexidade da mente humana, nos fazendo ansiar por descobrir mais dessa trama obscura e muito bem escrita.

Em relação a diagramação, a Editora Suma está de parabéns, o livro possui capa dura e as cores combinam perfeitamente com a teia de mistério que envolve toda a trama. As folhas são amareladas, a fonte possui um tamanho agradável para leitura e não me lembro de ter encontrado erros de revisão.

Sempre Vivemos Em Um Castelo é o tipo de livro 8 ou 80, ou você ama, ou odeia, e eu com certeza me coloco no primeiro grupo e sugiro que tirem suas próprias conclusões sobre essa trama cheia de horror e mistério.

http://www.maisquelivros.com/2017/12/comentario-premiado-dezembro.html

8 comentários

  1. Já são algumas resenhas que leio deste livro e é meio que isso mesmo: Amor e ódio! Li algumas resenhas muito negativas e outras ao contrário, bem positivas.
    Eu sei que está na minha lista de desejados, por ter achado a premissa muito bacana, isso do se isolar do mundo e em contrapartida, envolver tantos sentimentos.
    Beijo

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  2. Oi Glaucia.
    Fiquei bem curiosa sobre esse livro. Só li resenhas positivas sobre esse livro.
    Estou super curiosa para descobrir o mistério das irmãs e ver se Constance tem mesmo culpa no envenenamento de sua família. Elas parecem ter personalidades bem diferentes e peculiares.
    Bjs

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  3. Gláucia!
    O livro foi lançado antes de eu nascer, bacana! Nasci em 1965.
    Difícil viver de passado e se trancar em uma redoma, não permitindo que a atualidade e a realidade se façam presentes.
    O mundo pela visão de Mary parece bem ilusório e confuso, fico me perguntando se ela não tem algum distúrbio psicológico?
    Agora todo livro que traz reflexão sobre a vida, acredito que valaha a pena ler, pois podemos questionar nossos pontos de vista.
    “A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!

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  4. Olá!
    Já li resenhas desse livro e me deixou bem assim como amor e ódio. É uma premissa bastante boa e deixa o leitor com curiosidade em ler.
    Já anotei na lista de desejados!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  5. Oi, tudo bem?
    Infelizmente acho que não daria muito certo a leitura, porque eu tenho um problema com clássicos e esse parece ser um que faz jus ao gênero...

    Beijão,
    Vinicius
    omeninoeolivro.blogspot.com

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  6. Bastante interessante, mas já tinha lido algumas resenhas e parece que o final não é o esperado. Estou indecisa.

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  7. Oiee!
    O livro me parece ser muito bom, pra quem gosta do estilo, o que não é o meu caso. Até leria, se não tivesse tantos outros na fila aqui rsrs
    Só posso dizer que gostei do enredo e de todo o mistério sobre a morte de tantos integrantes da família, mas meu interesse para por aí, por isso deixo ele pra quem sabe, outro dia.
    Bjs!

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