06 novembro 2017

Resenha - Tartarugas Até Lá Embaixo, John Green


Livro: Tartarugas Até Lá Embaixo
Autor(a): John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Adquira: Livraria da Travessa | Amazon
Livro cedido através da parceria com a editora

Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo. A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Repleto de referências da vida do autor – entre elas, a tão marcada paixão pela cultura pop e o TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância –, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro incrível, recheado de frases sublinháveis, que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses.



Depois de seis anos de espera, John Green brinda seus fãs com o lançamento de Tartarugas até lá embaixo, um livro com título pouco sugestivo, mas que demonstra camadas bem pessoais do autor.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Aza Holmes, uma adolescente de dezesseis anos que sofre de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), temos como plot central o desaparecimento misterioso do pai bilionário de um de seus amigos de infância. A recompensa para quem descobrir o paradeiro do empresário é de cem mil dólares, notícia que desperta a atenção de sua melhor amiga Daisy, que por sua vez a convence a se aproximar de Davis, filho mais velho do bilionário afim de encontrar pistas que as levem a encontrar informações sobre o caso e consequentemente receberem a recompensa.

Ok, parece apenas mais uma história normal onde adolescentes vivem a vida numa boa e se metem em aventuras. De fato é, mas temos muito mais assuntos relevantes nessa trama que eu poderia classificar como densa.

A vida de Aza é um exemplo claro, seu transtorno influencia diretamente em suas ações e escolhas de vida, transformando um simples almoço em um grande problema quando pensamentos começam a surgir em sua mente fazendo-a questionar as milhares de bactérias que existem em seu corpo e a ajudarão a digerir sua comida ou simplesmente enfraquece-la e adoece-la. Ela até tenta afastar esses pensamentos, mas é como se seu corpo não a pertencesse, algo que a deixa cada vez mais frustrada.

- Você dá poder demais aos seus pensamentos Aza. São apenas pensamentos. Eles não são você. Você pertence a si mesma, mesmo quando seus pensamentos não pertencem.

Para tratar sua ansiedade e os pensamentos indesejados, Aza mantém desde a infância consultas com uma psiquiatra e um calo aberto em seu dedo da mão. Abrir constantemente essa ferida é como uma válvula de escape, mostra que ela é real, que pensa por si só, e que as bactérias que habitam seu corpo não mandam ou pensam por ela. Mas abrir esse calo ativa outro gatilho da nossa protagonista, a possibilidade de infecção que a induziria a morte. Sendo assim Aza vive uma rotina angustiante entre tentar manter longe pensamentos que a fazem fugir da realidade e permanecer na realidade, mesmo quando o TOC parece comandar sua vida.

Mas não é apenas Aza que sofre por conta do seu transtorno, sua melhor amiga Daisy também se esforça até o limite para fazer essa amizade andar nos eixos. Daisy tem um talento incrível para escrever fanfics, e é apaixonada por séries como Star Wars e Star Trek, e não é a toa que a garota vem colecionando seguidores pela internet.

A maior parte dos adultos é simplesmente vazia. Vemos adultos tentando preencher o vazio com bebida, dinheiro, Deus, fama ou com o que quer que idolatrem, e tudo isso faz com que apodreçam por dentro, até não sobrar nada além do dinheiro, da bebida ou do Deus que eles acharam que era a salvação. Meu pai é assim... Ele na verdade já desapareceu faz tempo, e talvez seja por isso que não fiquei tão chateado quando sumiu agora.

Outro personagem interessante na trama é Davis, filho do bilionário. O rapaz tem um blog de poesias, onde cita frases de autores renomados como Shakespeare, dentro outros, que somam com seus pensamentos e com a trama.

Em Tartarugas até lá Embaixo, John Green que também vive com TOC, mostra de forma clara e objetiva como é a mente de um portador da doença e o quanto tais obsessões e compulsões podem agravar e muito a vida de quem precisa lidar com isso diariamente. É como estar preso em um corpo que não respeita seus próprios desejos e pensamentos. Leiam!

6 comentários

  1. Gláucia!
    Não sabia que o John Green tinha sido diagnosticado com TOC.
    Deve ser muito complicado sentir pensamentos intrusivos constantemente 'entrarem' na nosa mente e tornarem a vida bem complicada.
    Gostei de ver que além do mistério do desaparecimento, outros temas foram aborados, como a injustiça e questões existenciais.
    Claro que quero fazer essa leitura.
    Desejo uma ótima semana de luz e paz!!
    “É prova de inteligência saber ocultar a nossa inteligência.” (François La Rochefoucauld)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  2. Quando li a primeira resenha deste livro não sabia exatamente o que pensar. É um tipo de livro, me ame ou me odeie. John alcançou uma legião de fãs, mas em contrapartida, há uma outra legião que torce o nariz para o que o autor faz. Não sei se é realmente o caso, afinal ainda não pude ler a obra, mas li que ele não se aprofunda na doença em si, mesmo sofrendo disso e que a narrativa é bem arrastada.
    Ainda não sei muito o que pensar, só sei que preciso ler, pois se tratando de John, eu faço parte da legião que gosta e muito do autor!
    Beijo

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  3. Olá!
    Eu já amo os livros desse autor, ao ver esse lançamento queria compra de imediato porém não tive como, mas estou desejando ler. Ao ler a resenha me deixou super curiosa pela história da garota, com certeza irei amar!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  4. Sou apaixonada pela escrita do autor, a leitura flui de um modo incrível!
    Tinha visto o lançamento do livro e não tinha me chamado muito a atenção, porém não sabia que havia sido diagnosticado com TOC também.
    Agora fiquei empolgada para ler, porque deve ser uma experiência muito grande escrever sobre algo que você convive.
    Adorei resenha.

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  5. Eu não sou a maior fã dos livros do John Green. Mas estou com bastante vontade de ler esse livro!
    Antes eu realmente achava que esse livro era apenas uma história bem comum, mas já percebi que é bem mais do que isso. Deu pra perceber que a vida da Aza é bem difícil. E o livro parece ter ótimos personagens. E achei muito legal o autor mostrar um pouco dessa doença no livro.
    Já está na minha lista :)

    Beijos!

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  6. Oi, Gláucia!
    Sofri TOC na minha infância, não foi tão forte como o da Aza, mas sei bem como é sofrer com esse problema, as dificuldades que enfrentamos no dia a dia... por isso a trama de Tartarugas Até Lá Embaixo me interessou e já coloquei o livro na minha lista de leitura, e quem sabe depois de ler esse livro eu me empolgue para ver os outros livros do John Green?!
    Ps: Daisy parece ser uma amiga daquelas, hein?! Pau pra toda hora.

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